O planeta foi batizado de HD 131399Ab, e está localizado a cerca de 340 anos-luz da Terra. Cada ano por lá tem cerca de 550 anos terrestres
HD 131399Ab tem cerca de 16 milhões de anos, sua temperatura é equivalente a 580 graus Celsius e sua massa é quatro vezes maior que a de Júpiter (ESO/Nasa)
Uma equipe internacional de astrônomos anunciou quinta-feira a descoberta de um planeta com três sóis em um sistema solar distante. Segundo o estudo publicado na revista científica americana Science, o planeta peculiar foi batizado de HD 131399Ab, e está localizado a cerca de 340 anos-luz da Terra (cada ano-luz equivale a 9,46 trilhões de quilômetros), na constelação de Centauro. Realizando uma dança com três estrelas, o planeta vê o amanhecer e o pôr-do-sol três vezes por dia e um ano por lá dura meio milênio (em anos terrestres). Sistemas solares binários, com dois sóis (como Tatooine, lar dos Skywalker na saga Star Wars), são relativamente comuns no universo, ao contrário dos que têm três ou mais sóis.
“Imaginem isso: um planeta onde ou a luz do dia é constante ou há três amanheceres e entardeceres por dia, dependendo da estação, que neste caso dura mais que uma vida humana”, indicou o comunicado da equipe de astrônomos, liderada por Kevin Wagner, da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos.
Peculiaridades – Este não é o primeiro planeta com sistema de três estrelas descoberto, mas ainda assim, HD 131399Ab tem suas peculiaridades. Os cientistas acreditam que se trata de um corpo cósmico com cerca de 16 milhões de anos, com temperatura equivalente a 580 graus Celsius e massa quatro vezes maior que a de Júpiter (o maior planeta do nosso Sistema Solar). Isso faz comHD 131399Ab seja um dos menores, mais jovens e mais friosplanetas descobertos fora do nosso sistema solar.
HD 131399Ab tem uma órbita muito extensa em volta da estrela mais brilhante das três. “Durante a metade da órbita do planeta, que dura 550 anos da Terra, três estrelas são visíveis no céu, as duas mais fracas sempre mais próximas uma da outra”, comentou Wagner, que descobriu o planeta no seu primeiro ano de doutorado. De acordo com os pesquisadores, mesmo que estudos mais longos e novas observações precisem ser feitas para trazer mais detalhes sobre o peculiar HD 131399Ab, essa pesquisa inicial traz algumas pistas sobre o funcionamento do sistema: no centro está a maior estrela, com massa 80% maior que nosso Sol. Ela é orbitada pelo planeta HD 131399Ab que, em seu entorno, é rodeado por dois outros sóis que circulam um ao outro (confira vídeo abaixo).
Durante a primeira estação do ano, o planeta vê os três sóis nascendo e se pondo; na segunda estação, HD 131399Ab vive com luz do dia constante. “Durante grande parte de um ano do planeta, as estrelas ficam próximas umas das outras, o que dá um familiar lado noturno e um lado diurno ao planeta, com um triplo entardecer e amanhecer todos os dias”, acrescentou Wagner. “As estrelas se distanciam a cada dia e, quando ficam opostas, o entardecer de um Sol coincide com o amanhecer do outro”, disse. Esse fenômeno gera luz quase constante durante a segunda estação (que se estende por cerca de um quarto da órbita do planeta, ou 140 anos terrestres).
A equipe de astrônomos descobriu e realizou imagens do planeta com o instrumento Sphere, do Very Large Telescope (VLT), do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile. Sphere é um dos instrumentos mais avançados no mundo para encontrar planetas que orbitam em volta de outras estrelas e é sensível à luz infravermelha, o que permite detectar o calor emitido por planetas jovens.
Confira abaixo a concepção artística da dança do planeta HD 131399Ab com seus três sóis:
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