Ocupando o prédio do Incra, no Setor Bancário Norte, em Brasília, desde esta segunda-feira (11), integrantes do Movimento de Luta Social (MSL) venderam cerca de 350 quilos de feijão, a R$ 5 o quilo, na tarde desta terça (12). O objetivo do grupo é protestar contra as políticas de agricultura familiar e o alto preço deste tipo de alimento.
Os produtores venderam também em torno de 350 quilos de milho a R$ 1 o quilo. Os organizadores não informaram o valor arrecadado com venda dos dois produtos. O grupo disse que deve fazer outras ações como essa ao longo da ocupação – que não tem data para terminar, segundo eles.
“Nós fomos jogados para escanteio com a transformação do Ministério do Desenvolvimento Agrário em secretaria. As negociações estão avançando muito pouco e só iremos desocupar quando tivermos uma resposta plausível do governo”, afirma a coordenadora regional do MSL, Raquel Lima.
Ela disse que 90% do estoque de feijão foram vendidos para os próprios integrantes do movimento. “Integrantes nossos de outros estados estão compraram praticamente tudo que tinhamos aqui porque eles também são reféns dessa política agrária e do preço absurdo do feijão.”
O auxiliar de limpeza Rafael Almeida conta que trabalha em um prédio próximo e que resolveu aproveitar o preço para garantir o alimento para os filhos. “Vou levar porque está muito caro no mercado e parece que esse feijão está muito bom. Com certeza vai para a mesa de casa.”
O feijão é um dos produtos que mais têm contribuído para a alta da inflação neste ano. Problemas climáticos reduziram a produção do grão no Brasil. De acordo com o IBGE, que mede a variação de preço nas capitais, o valor do feijão subiu 33,49% até maio. No acumulado dos últimos 12 meses até maio, a variação foi de 41,62%.
Por conta do aumento, o presidente em exercício, Michel Temer, informou no dia 22 de junho, medidas de estímulo à importação do feijão. O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou que o governo estuda retirar impostos e taxas cobrados dos produtos vindos de países como China e México.
Ocupação
A coordenadora do MSL disse que mais três ônibus, com 141 pessoas, chegaram à sede do Incra nesta terça para participar da ocupação. Ela informou que o grupo tem mantimentos suficientes para 30 dias, ou enquanto as negociações continuarem, porque integrantes de diversos estados estão trazendo alimentos e roupas.
Representantes de dez movimentos de trabalhadores do campo ocuparam a sede do Incra no Setor Bancário Norte na manhã desta segunda-feira (11) para cobrar políticas públicas para pequenos agricultores.
Na pauta constam o pedido de criação de um “conselho de crise” em todas as unidades da federação, a instituição de uma ouvidoria agrária independente e o retorno do Ministério do Desenvolvimento Agrário – que passou a integrar a pasta Desenvolvimento Social e Agrário na reforma feita pelo presidente interino, Michel Temer.
Os manifestantes são do DF, Rio de Janeiro, Pará, São Paulo,Goiás, Mato Grosso e Bahia. No início da manhã desta segunda, integrantes traziam barracas, botijões de gás e colchões para dentro do prédio e tomavam café na recepção.
Sem avanço nas negociações nesta terça (12), os grupos seguem ocupando o local e barrando a entrada de servidores. De acordo com o Incra, nenhuma pauta de reivindicações foi entregue. A entidade se recusa a conversar enquanto o espaço seguir ocupado.
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