Policiais civis do Distrito Federal iniciaram há dez dias uma “operação-padrão” como forma de pressionar o governo a conceder reajuste salarial e convocar novos servidores. Com a medida, agentes registram apenas flagrantes e ocorrências criminais. Investigações, intimações, protocolo de documentos e diligências ocorrem de forma mais restrita. A categoria diz que a tendência é intensificar o movimento, com paralisações das atividades “até mesmo durante a Olimpíada”.
De acordo com o sindicato, o objetivo é denunciar o acúmulo e a sobrecarga de funções. Eles afirmam que os servidores da Polícia Civil têm também de cumprir tarefas de outros cargos. Em nota, a direção disse que “todos dão algo a mais para cumprir sua missão” e que nenhum serviço foi afetado pela paralisação. “Nunca se fez tanta operação nem se prendeu tanto na história da Polícia Civil”, completou.
A corporação tem atualmente 4,5 mil servidores – número inferior ao preconizado por uma lei distrital de 1993, que determinava 5.940 para a então população, de 1,6 milhão. O salário inicial da categoria é de R$ 7,5 mil. Os policiais afirmam ter perdido 50% do salário para a inflação e cobram a normatização das licenças prêmio e capacitação.
O sindicato relata infraestrutura ruins nos prédios da Polícia Civil. Reportagens do G1 trazem denúncias de focos de Aedes aegypti, água contaminada, ratos e insetos em delegacias.
“Algumas delegacias, como em Sobradinho II, precisam ser demolidas e reconstruídas. Os coletes estão vencidos, não há munição para treinamento e reprodução, falta material de escritório como grampos, clipes e capas de inquéritos”, afirmou a entidade.
A direção da Polícia Civil negou que haja sucateamento. Segundo a organização, a corporação brasiliense é a mais bem equipada do país, “com equipamentos modernos de investigação, viaturas novas, armas, munição, novos policias contratados, concursos em andamentos e distribuição de 1,5 mil novos coletes a prova de balas para todos os funcionários”.
Até a publicação desta reportagem, a operação não afetava os institutos Médico Legal, de Criminalística, de Identificação e de Pesquisa e DNA Forense. No mês passado, o governador Rodrigo Rollemberg anunciou a nomeação de 155 policiais civis, entre agentes e escrivães.
Outras categorias da segurança pública
Impedidos por lei de fazer greve, policiais militares e bombeiros fizeram uma carreata no Eixo Monumental na terça-feira (12) para cobrar aumento salarial de 25,4% e ampliação do plano de saúde. O grupo carregava bandeiras pedindo “respeito” às categorias. Os veículos partiram do ginásio Nilson Nelson e deram uma volta pela Esplanada dos Ministérios.
O ato foi organizado pelo deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF), que em reunião em junho chegou a sugerir às categorias que faltassem ao serviço na Olimpíada como forma de pressionar por reajuste. Ele negou, porém, que estimulasse greve no áudio.
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