No fim do primeiro mandato da presidente afastada Dilma Rousseff, de cada 100 reais investidos em infraestrutura, 83 reais saíram dos bancos públicos, revela estudo inédito da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que será divulgado nesta segunda-feira. BNDES, Caixa e Tesouro Nacional garantiram juntos 137,9 bilhões de reais dos 166,2 bilhões de reais desembolsados para transportes, energia elétrica, telecomunicações e saneamento em 2014. Sozinho, o banco de fomento foi responsável por quase metade dos empréstimos.
“A situação econômica atual e o realismo desse novo governo do presidente Temer vai impedir que isso se repita. Mas temos um legado pesadíssimo que vamos pagar nas próximas décadas”, afirma Cláudio Frischtak, presidente da Inter.B e um dos coautores do estudo. Segundo ele, essa dependência quase absoluta pelos financiamentos com dinheiro público gerou uma série de distorções nos projetos.
“É como se o governo tivesse dado uma festa para alguns poucos, que tomaram um porre, e todos nós teremos que pagar a conta nos próximos anos”, compara.
Qualidade – De acordo com o estudo, o Brasil deveria investir entre 4% e 5% do PIB em infraestrutura para se aproximar de países com níveis semelhantes de desenvolvimento.
Atualmente, pouco mais de 2% do PIB são investidos na área. A CNI avalia que, em um curto espaço de tempo, não é possível ao país alcançar uma taxa de investimento em infraestrutura na casa de 5% do PIB – não apenas por restrições macroeconômicas, mas pela ausência de projetos de qualidade.
“O aumento da participação privada no aporte de capitais e na gestão de empreendimentos é imprescindível para que o País reverta o quadro de atraso”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Diante da frustração de recursos que deve se manter nos próximos anos, é preciso uma revisão do modelo de financiamento para aumentar a participação das fontes privadas. No entanto, é improvável que instituições como fundos de pensão e seguradoras venham a ampliar de imediato sua exposição a papéis de infraestrutura.
Outras barreiras também dificultam a expansão do financiamento privado no setor, em especial o fato de as obras levarem um longo período para serem concluídas e para gerarem retorno financeiro.
(Com Estadão Conteúdo)
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