Tubarões da Groenlândia que nasceram no século XVII podem ainda estar vivos nas águas do Atlântico Norte. Esses animais são os vertebrados mais longevos do mundo e podem chegar aos 400 anos, afirma um estudo publicado na edição desta semana da revista Science.
O tubarão da Groenlândia (Somniosus microcephalus) bateu o recorde que antes era da baleia da Groenlândia (Balaena mysticetus), com idade estimada de 211 anos. De acordo com os pesquisadores, o conhecimento da biologia do animal trará consequências para a conservação da espécie, pois eles levam mais de um século para atingir a maturidade sexual e conseguir se reproduzir.
“Sabíamos que estávamos lidando com um animal incomum, mas acho que todos na equipe ficaram muito surpresos ao saber que são tão velhos”, afirmou o biólogo Julius Nielsen, da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, líder do estudo, à britânica BBC.
Tubarões velhos
Para determinar a idade dos tubarões, a equipe de cientistas precisou desenvolver um novo método. Normalmente, o período de vida dos peixes é estimado por meio do exame de tecidos calcificados que se acumulam ao longo dos anos. Mas, como o organismo dos tubarões da Groenlândia é muito macio, não é possível fazer esse tipo de análise. Os pesquisadores decidiram então examinar proteínas da retina dos animais usado datação por radiocarbono. Dessa maneira, estimaram a idade de 28 tubarões, a maior parte capturada em redes de pesca. Uma fêmea, morta recentemente, viveu por quatro séculos. Outros dois machos adultos podem ter chegado aos 335 e 392 anos.
Eles vivem durante tanto tempo que, se na competição entre os animais mais longevos entrassem os invertebrados, eles estariam próximos de Ming, um molusco de 507 anos que teria vivido de 1499 a 2006.
O tubarão da Groenlândia é um dos maiores tubarões carnívoros, com comprimento que pode chegar aos cinco metros. Ele nada lentamente e também cresce de maneira vagarosa: cerca de um centímetro por ano. A pesquisa revela ainda que a maior parte dos tubarões da Groenlândia atinge a maturidade sexual por volta dos 150 anos, quando chega aos quatro metros de comprimento.
Essa informação é importante para os biólogos, pois, com ela, é possível estimar a capacidade reprodutiva dos animais. De acordo com os pesquisadores, no Atlântico Norte há poucas fêmeas em idade reprodutiva e adultos jovens – o que pode ser um indício da pesca excessiva que aconteceu após a II Guerra Mundial. Segundo os cientistas, é preciso um esforço para preservar alguns tubarões “adolescentes” que ainda devem levar mais cem anos para atingir a idade reprodutiva e, assim, garantir a perpetuação da espécie.
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