O Massacre do Carandiru ocorreu em 2 de outubro de 1992, após rebelião iniciada pelos detentos que culminou em invasão pela Polícia Militar

O Massacre do Carandiru ocorreu em 2 de outubro de 1992, após rebelião iniciada pelos detentos que culminou em invasão pela Polícia Militar

Para uma das primeiras pessoas a entrar na Casa de Detenção depois do massacre, a anulação do julgamento dos réus do Carandiru tem que ser revertida.

O advogado João Benedicto Azevedo Marques recebeu o Prêmio de Direitos Humanos Franz de Castro Holzwarth nesta segunda-feira, oferecido pela seção São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil.

Também foi agraciado in memoriam o advogado Ricardo Carrara Neto; quem recebeu o troféu foi a viúva dele, Regina Carrara.

Na época do Massacre do Carandiru, ocorrido em dois de outubro de 1992, Carrara Neto era presidente e Azevedo Marques era secretário da Comissão de Direitos Humanos da OAB de São Paulo.

Eles foram homenageados pelo empenho em coordenar as ações da entidade durante o acompanhamento das apurações do crime.

Dois dias depois do episódio, os representantes da Ordem entraram na penitenciária em companhia do diretor da Casa de Detenção, José Ismael Pedrosa.

O advogado João Benedicto Azevedo Marques recordou os horrores daquele momento e crê, que em face de tudo isso, a decisão será reformada.

“Ver 111 cadáveres, ver rios de sangue e ver uma invasão desnecessária, a gente tem um sentimento de indignação, mas eu acredito na Justiça e essa decisão será reformada”, disse.

Em 27 de setembro deste ano, a quarta câmara criminal do TJ de São Paulo decidiu anular os cinco júris que condenaram 74 PMs envolvidos no Massacre.

O voto do presidente da Câmara, desembargador Ivan Sartori, foi mais além e pediu a absolvição imediata dos réus; entretanto, ele foi voto vencido e prevaleceu o entendimento de que novos julgamentos devem ser realizados.

Durante o julgamento, Sartori chegou a dizer que “não houve massacre, houve legítima defesa.” A frase foi alvo de duros questionamentos da imprensa e de entidades de direitos humanos.

Em resposta publicada na rede social Facebook, o desembargador sugeriu que estes mesmos setores poderiam estar recebendo dinheiro do crime organizado.

O presidente da seção paulista da OAB, Marcos da Costa, repudiou as declarações de Sartori durante a entrega do prêmio de direitos humanos. “Quando uma autoridade pública que exerce função tão relevante quanto a de um desembargador trata manifestações de entidades de direitos humanos e da imprensa livre desse País como algo que pudesse fazer com que houvesse antagonismo da sociedade. Uma situação como essa merece o nosso repúdio”, criticou.

O Massacre do Carandiru ocorreu em 2 de outubro de 1992, após rebelião iniciada pelos detentos que culminou em invasão pela Polícia Militar.

O saldo foi de 111 presidiários mortos, dos quais 84 não haviam sido sentenciados, de acordo com a OAB.

*Informações do repórter Tiago Muniz – Jovem Pan