Dentre as graves complicações que podem advir em pacientes idosos acometidos por infecções pelo vírus influenza incluem-se pneumonias e exacerbações de patologias co-existentes, ressaltando-se dentre elas as cardiopatias.
A vacinação contra influenza tem sido consistentemente associada à reduções expressivas no índice de internações hospitalares, assim como na taxa de óbitos por qualquer natureza em pacientes idosos. Durante surtos epidêmicos de influenza, evidencia-se expressivo incremento no número de hospitalizações por causas cardiovascular e cerebrovascular.
Reconhece-se também que o advento de complicações bacterianas secundárias ao quadro de influenza, em especial as infecções invasivas por pneumococos, podem também aumentar o risco de evento cardiovascular agudo.
Um dos maiores óbices ao emprego da vacina contra influenza tem sido a falta de recomendação do médico; elucidativo em relação a esse fato é a seguinte Tabela, publicada pelo Centers for Disease Control (CDC), dos Estados Unidos, onde se demonstra a importância da recomendação médica para que o paciente se imunize:
Fatos relacionados ao emprego de vacinas em adultos
Atitude do paciente | Atitude do Médico | % Vacinados |
Sim | Sim | 87% |
Não | Sim | 70% |
Sim | Não | 8% |
Não | Não | 7% |
A Organização Mundial da Saúde e o CDC norte-americano, por esses motivos, enfatizam a importância de implementar a imunização contra influenza. Ressaltam que, apesar de todas evidências já mencionadas, ainda na temporada de gripe de 2014-2015, a doença cardíaca encontrava-se entre as mais comumente encontradas condições clínicas crônicas que levou à internação hospitalar: 50% dos adultos hospitalizados com gripe durante a temporada 2014-2015 apresentavam doença cardíaca associada, mais frequentemente doença arterial coronariana; além dessa, também foram frequentes a admissão de pacientes com:
- Insuficiência cardíaca;
- Doença cardíaca hipertensiva;
- Cor pulmonale;
- Doenças valvares;
- Arritmias, incluindo-se fibrilação atrial;
- Doenças cardíacas congênitas.
Um dos maiores problemas para a administração em maior escala das vacinas contra influenza atém-se a mitos relativos à sua segurança.
As vacinas contra influenza são consideradas um dos mais seguros produtos médicos em uso. Centenas de milhões de norte-americanos, por exemplo, foram vacinados com essas vacinas nos últimos 50 anos, havendo substancial evidências científicas quanto à sua segurança.
Mitos a serem enfaticamente desmentidos
- Vacina da gripe causa gripe: NÃO. As vacinas contra gripe contém virus inativado, que se caracterizam como partículas não infectantes; há produtos com vírus atenuados, que acarretam infecção subclínica, sendo os eventos colaterais extremamente menos expressivos em comparação àqueles acarretados pelo vírus selvagem.
- Vacina da gripe causa muitos efeitos colaterais: como qualquer outro agente vacinal, a vacina da gripe pode acarretar efeitos adversos, os quais em geral são de intensidade leve e auto-limitados, durante pouco tempo em geral.Os mais comumente observados efeitos colaterais associados à vacina contra gripe são:
- Dor, vermelhidão e/ou edema no local da injeção;
- Cefaleia;
- Febre;
- Náuseas;
- Dores musculares;
- Sensação de desmaio (principalmente em adolescentes).
Alguns estudos evidenciaram uma possível pequena associação entre a vacina contra a gripe e o desenvolvimento da síndrome de Guillain-Barré (SGB). Em termos gerais, em tais estudos estimou-se que o risco de SGB após vacinação foi tão reduzido quanto um ou dois casos de SGB por 1 milhão de pessoas vacinadas. Em outros estudos, não se evidenciou tal associação.
Ressalta-se que a SGB se associa, também raramente, à doença gripal. Em termos gerais, conceitua-se que conquanto rara, a SGB é muito mais comumente associada à doença gripal em comparação ao verificado após vacinação anti-gripal.
Pneumonias adquiridas na comunidade (PAC) acometem mais de 5 milhões de adultos nos Estados Unidos, causando 1,1 milhões de admissões hospitalares, sendo responsável por mais de 60.000 mortes por ano.
Doenças cardíacas afetam mais de 30 milhões de norte-americanos adultos, sendo responsáveis por 5 milhões de admissões hospitalares ao ano e mais de 300.000 mortes naquele país.
Tanto PAC quanto doenças cardíacas incidem mais comumente em indivíduos de meia-idade ou idosos. Estima-se que mais da metade dos pacientes idosos que se apresentam com PAC que requeira internação hospitalar têm alguma doença cardíaca crônica de base.
É fato reconhecido que um quadro agudo de pneumonia contribui para a piora aguda do quadro cardíaco pré-existente, podendo também desencadear novos eventos cardíacos; dentre os mecanismos fisio patogênicos associados a tais alterações induzidas pelo processo infeccioso se incluem alterações induzidas:
- na função miocárdica;
- no Sistema de condução elétrica do coração;
- na estabilidade das placas coronarianas;
- no tônus vascular; e
- coagulabilidade sanguínea.
Existem disponíveis duas vacinas anti-pneumocócicas:
- A vacina conjugada anti-pneumococia (PCV13 ou Prevenar 13®): é atualmente recomendada para todas crianças menores de 5 anos de idade, assim como também para todos adultos com idade superior a 65 anos. Pode também ser utilizada em pessoas entre 6 a 64 anos de idade que apresentem outras condições clínicas de base (imunodepressão, por exemplo).
- A vacina polissacarídea de pneumococo 23 valente (Pneumovax® – PPSV23): tem seu uso recomendado para todos adultos com idade superior a 65 anos.
Recomenda-se, em adultos, o uso inicial da vacina PCV13, tendo em vista sua maior imunogenicidade. Esse uso inicial “prepararia” o sistema imunológico para a administração da dose de PPSV23, que deveria ser administrada 6 a 12 meses após essa administração inicial.
Como com qualquer outro agente vacinal, essas vacinas podem se associar a alguns eventos adversos. Os mesmos, em geral, se caracterizam como de leve intensidade, sendo em grande parte auto-limitados. São muito raros os relatos de eventos adversos graves.
Especificamente em relação à vacina PCV13, os eventos colaterais mais comumente relatados são:
- Cerca de metade dos indivíduos apresenta sonolência após a administração da vacina, tem perda temporária de apetite, ocorrendo também vermelhidão ou dolorimento no local da administração da vacina;
- 1/3 apresenta edema no local da aplicação;
- 1/3 apresenta febre baixa; 5% apresentam febre superior a 38ºC;
- 8/10 ficam irrequietos ou irritáveis.
No que tange à vacina PPSV23, cerca de metade dos indivíduos que a recebem apresentam efeitos colaterais caracterizados como de leve intensidade, especialmente vermelhidão no local da administração da injeção. Menos que 1% dos indivíduos desenvolvem febre, mialgia ou reações locais mais severas.
Quem faz Letra de Médico
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