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Saúde

SÍNDROME DE ASPERGER É ASSUNTO EM “MALHAÇÃO – VIVA A DIFERENÇA”. MÉDICA EXPLICA

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Uma das cinco protagonistas de “Malhação – Viva a diferença“, da TV Globo, tem chamado atenção por ter uma característica especial: a síndrome de Asperger. A personagem Benê, vivida pela atriz Daphne Bozaski, traz o tema à tona revelando aspectos e situações muito próximas da realidade de quem está inserido nesse contexto, incluindo amigos e familiares: ela não gosta de contato físico, leva as frases ao pé da letra e não entende bem o sentimento alheio. Quer entender melhor?

Para começar, é importante entender que Asperger é um transtorno do espectro autista de nível leve, entretanto, “a diferença dele para ao autismo clássico é que ele não tem atraso na linguagem, porque a inteligência se mantém em um nível comum ou acima da média, diferente dos autistas, que demoram para desenvolvê-la”, explica a Dra. Carolina Marçal, psiquiatra da infância e da adolescência.

A dificuldade em relacionar-se é uma das características mais fortes e evidentes no Asperger. 

Como identificar

Uma vez que a criança seja Asperger, isso significa que três funções básicas são afetadas: “comunicação, habilidade social(essa é a mais evidente, pela maior dificuldade no relacionamento e não entendimento dos sentimentos expressados pelo outro), presença de comportamento repetitivo e interesses restritos (em vez de brincar com o carrinho, se interessar pela roda, ou gostar muito de um assunto e falar dele em qualquer situação social, por exemplo)”, diz a médica.

Ela complementa destacando outras características que também são fortes indícios da síndrome, como o fato da pessoa “costumar ter um comportamento excêntrico. Além disso, possuir grande dificuldade em mudar a rotina, e ter muitas ‘ilhotas de conhecimento’, ou seja, saber muito sobre um (ou mais) determinado assunto que ela tenha interesse”.

O Asperger deve ter acompanhamento multidisciplinar contínuo, e o psicólogo é um dos profissionais fundamentais.

Diagnóstico e tratamento

Carolina explica que o diagnóstico é sempre feito pelo neuropediatra ou psiquiatra infantil. “Ao longo da vida, ele deve ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar focada em terapia comportamental e composta por psicólogo, nutricionista, terapeuta ocupacional, e às vezes fisioterapeuta. Não é utilizada medicação específica, salvo em caso da manifestação de alguns sintomas, como agressividade, alguma obsessão, hiperatividade  (não para quieta, tem dificuldade para se concentrar) e agitação”.

Conselhos para pais e familiares com um Asperger na família

Antes de saber
A especialista sugere aos pais “observar o comportamento da criança em relação às outras, mas não compará-la com elas, pois é importante ressaltar que (com ou sem Asperger) cada um tem o seu tempo e perfil. Caso note algo diferente, é fundamental não ter medo nem preconceito com o diagnóstico“.

Já sabendo
Você não está sozinha com seu filhote! Sendo assim, “procure grupos de apoio e pais que já estejam nessa estrada, pois as experiências alheias não só ajudam como se complementam com truques e dicas adquiridos pelos ‘veteranos’. É possível contar ainda com serviços especializados, como a Associação dos Amigos Autistas, que possui cinco unidades em São Paulo Capital, mas presta assistência virtual em outros estados também. Nunca se culpe pela criança ter nascido especial, e jamais desconte nela, caso haja, o sentimento de frustração por ela ser assim”.

O acompanhamento terapêutico aliado a uma equipe escolar preparada, combate o bullying e ajuda a criança a trabalhar a interatividade.

A hora da escola

Uma das maiores dúvidas é “em que escola devo matricular meu filho, na especial ou na comum?“. A psiquiatra responde: “essa decisão, tomada junto com os pais, depende da linha de quem diagnostica. Agora, como a maior dificuldade é na habilidade social, alguns profissionais preferem a escola comum para trabalhar essa questão”. Em ‘Malhação’, Benê, por ser diferente, tem começado a sofrer com o bullying vindo dos colegas adolescentes. Para evitar ou controlar isso, “alguns casos precisam de acompanhamento terapêutico para ajudar a criança ou jovem na interatividade com os demais. Mas o ideal é que todo o corpo docente, diretores, coordenadores e funcionários da escola estejam preparados”.

Uma vida independente

O Asperger pode sim, ter uma vida com independência, mas essa evolução está ligada diretamente  ao tratamento. “Quanto mais ele for estimulado, mais rápido esse desenvolvimento acontece de forma positiva. Há, inclusive, empresas que contratam a partir da adolescência, e ele também pode morar sozinho no futuro, casar e ter filhos”, revela a médica.

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