O secretário de Mobilidade do Distrito Federal, Fábio Damasceno, afirmou nesta terça-feira (29) que é “muito difícil” conceder o aumento real (acima da inflação) reivindicado pelos rodoviários. Nesta segunda, a categoria cruzou os braços em busca de um reajuste cerca de 10% nos salários – sendo que já receberam aumento de 4% em julho, para cobrir a inflação.
“Não acho que é impossível, mas é muito difícil. Temos um problema econômico nacional e isso reflete no custo do sistema”, declarou.
“Então estamos em um processo de austeridade do governo. Já mostramos qual a realidade do governo, das finanças, e o que precisamos fazer para preservar os empregos.”
A categoria voltou a circular nesta terça, após audiência de conciliação na Justiça Trabalhista. Por causa da mobilização, cerca de um milhão de pessoas que usam o transporte público diariamente foram afetadas.
Para o secretário de Mobilidade, houve excesso da categoria durante o protesto. “O mínimo de bom senso tem que acontecer nesses procedimentos. O que não pode ocorrer são atos abusivos, desproporcionais que foi o que aconteceu na segunda. De forma abrupta, você simplesmente faz uma paralisação sem respeitar nenhum critério de legislação.”
Segundo ele, o governo poderia ter se preparado melhor se o sindicato tivesse respeitado o passo a passo normal. “Você tem que fazer [comunicação sobre a mobilização] com 72 horas antes, tem que publicar um edital, fazer uma assembleia, tem todo um procedimento. E inclusive garantir parte da operação porque aí o distrito federal tem como se planejar.”
Damasceno também negou que a mobilização tenha a ver com a pressão das empresas para reajustar as tarifas – e por consequência a “bolada” que recebe do governo. Os reajustes costumam ocorrer em setembro. Eles levam em conta aumentos dos custos das empresas, seja com pessoal ou com o preço do diesel, por exemplo.
Entenda
A paralisação foi encampada por funcionários de todas as cinco empresas privadas que atuam no sistema de ônibus do DF. Com isso, apenas os veículos da TCB e das cooperativas de micro-ônibus rodaram pela cidade, durante todo o dia.
Na segunda, o sindicato afirmou que a mobilização acontecia “por tempo indeterminado”. Há pelo menos um mês, a categoria tenta conseguir aumento salarial de 10%. Na época, os patrões concederam uma reposição de 4% – referente à inflação –, no salário e benefícios, que está sendo paga desde julho.
As empresas informaram terem sido pegas de surpresa e que os rodoviários receberam outra proposta de aumento de 4,5% no salário – mais reajustes relativos aos benefícios de alimentação (5%), plano de saúde (12%), odontológico (12%) e cesta básica (6%). A categoria não aceitou a proposta.
Em nota, o governo considerou “precipitada e descabida” a paralisação. “O ato surpreendeu a população do DF e deixou milhares de pessoas sem ter como ir ao trabalho.”
“A categoria não cumpriu os requisitos básicos da lei de greve, como a realização de assembleia e a publicação de aviso de greve, o que também surpreendeu o governo. A categoria já está recebendo desde o mês de maio o reajuste referente à inflação, mas infelizmente quer ganhos reais que não refletem a realidade econômica do pais.”
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