Os adolescentes de hoje não são como os de antigamente. Segundo um novo estudo publicado no periódico científico Child Development, atualmente, os jovens demoram mais para se engajar em atividades consideradas adultas, como dirigir, trabalhar, beber e ter relações sexuais, em comparação com aqueles de 40 anos atrás.
Segundo os pesquisadores, essa tendência está associada ao fato de os marcos da vida adulta, como a decisão de ter filhos, o ingresso na faculdade, e a iminência da morte – devido ao aumento da expectativa de vida – , ocorrerem mais tarde.
A pesquisa
Pesquisadores da Universidade de San Diego, nos Estados Unidos, analisaram dados de sete pesquisas nacionais sobre os hábitos dos adolescentes com idade entre 13 e 19 anos, dos anos 1976 e 2016. Nos questionários, os participantes responderam perguntas sobre suas rotinas e atividades diárias, permitindo que os pesquisadores identificassem padrões e diferenças entre as cinco gerações abordadas pelo estudo – 1970, 1980, 1990, 2000 e 2010.
Os cientistas também observaram mudanças familiares e socioeconômicas, expectativa de vida e educação, que podem influenciar o comportamento e desenvolvimento dos jovens.
Diferentes hábitos
Os pesquisadores concluíram que pessoas que tinham entre 13 e 19 anos em 2010 mostraram-se menos propensas a trabalhar para ganhar um dinheiro extra, sair sem os pais, dirigir, namorar e ingerir bebidas alcoólicas, do que pessoas da mesma faixa etária nas décadas anteriores. Essa mesma tendência foi percebida entre diferentes grupos demográficos (gênero, etnia e status econômico), sugerindo uma ampla mudança cultural.
Para os especialistas, isso significa que os adolescentes de hoje estão se desenvolvendo mais lentamente. A adolescência, fase que precede o início da vida adulta, tornou-se uma extensão da infância. Isso não quer dizer que os adolescentes atuais são mais virtuosos ou mais preguiçosos, mas que eles têm demorado mais para amadurecer.
“A trajetória de desenvolvimento da adolescência desacelerou e os adolescentes têm crescido mais lentamente do que costumavam”, explicou Jean Twenge, professor de psicologia da Universidade de San Diego, principal autor do estudo.
Outras mudanças observadas foram a redução do tempo gasto com deveres de casa e aumento do tempo gasto na internet. Por outro lado, também houve transformações positivas, como menores taxas de gravidez na adolescência e problemas com álcool.
Pais superprotetores
De acordo com o estudo, um dos motivos para isso pode ser o excesso de proteção dos pais. Durante meados do século 20, segundo Twenge, havia uma tendência para a estratégia “fast-life” ou vida rápida, em tradução livre para o português, quando os pais tinham, em média, quatro filhos ou mais e os criavam para serem independentes desde cedo.
Atualmente, as crianças e adolescentes dependem de uma supervisão maior e os jovens adultos levam mais tempo para definirem carreiras, casarem e terem filhos. Esse comportamento tende a ser mais comum em núcleos familiares menores e com maior renda média.
“Hoje, os adolescentes estão demorando mais para assumir as responsabilidades [dirigir e trabalhar] e os prazeres da vida adulta [sexo e álcool]. Essas tendências não são nem boas nem ruins, mas refletem o atual clima cultural.”, apontou Heejung Park, professor assistente de psicologia do Bryn Mawr College, coautor da pesquisa.
Para Twenge, apesar das desvantagens, levar mais tempo para desenvolver as habilidades sociais e emocionais antes de namorar, fazer sexo e beber pode ter seus benefícios. No entanto, a peça-chave é garantir que os adolescentes tornem-se adultos responsáveis. Para os pais, isso pode significar fazer um esforço maior no que diz respeito à independência dos
Você precisa estar logado para postar um comentário Login