O Ministério Público do Distrito Federal recomendou à Agefis e à Defesa Civil a desocupação e a demolição de prédios de Vicente Pires em situação de risco. De acordo com o órgão, há duas estruturas – além da que desabou no dia 20, matando um técnico – em situação crítica. Somente neste ano, a Agefis fez 1,2 mil autuações na região – 30 delas foram em um mesmo local.
As obras irregulares na região ocorrem inclusive aos domingos. Enquanto o pedreiro assenta os tijolos no alto de um prédio de sete andares, em outro, em uma rua próxima, vários pedreiros aceleraram as obras.
Sobram ofertas de apartamento à venda para alugar na região. Há ruas que têm mais prédios altos do que construções térreas. É comum haver estruturas “coladas” às outras e prédios grandes – há um em que a parte da frente tem 72 janelas. Há muitos incompletos, no reboco, e com fiação passando pelo lado de fora. Mesmo assim, já há gente morando nele.
Ele deu como exemplo apartamentos vendidos em um prédio que atualmente está interditado pela Defesa Civil, após recomendação do MP. Foram retiradas 19 famílias do local porque o prédio, que tem sérios problemas na estrutura, corre o risco de desabar.
O corretor Gustavo Ribeiro explicou como é a venda de imóveis mesmo sem a documentação dos prédios. “Ela é feita direto com o proprietário. A gente consegue as pessoas através de anúncio, que é legal, as redes sociais, aproveita e conhece o interessado, a gente indica o interessado ao proprietário, aí ele repassa a cessão de direito, de posse.”
“[Vale] por volta de R$ 100 mil a R$ 150 mil um imóvel de dois quartos, gira entorno disso, e por volta de R$ 170 mil a R$ 200 mil um de três quartos”, completa Ribeiro.
De acordo com a recomendação do MP enviada à Agefis, as demolições devem ocorrer “com a maior brevidade possível, a fim de diminuir os custos e evitar fato consumado e acidentes como o ocorrido”.
Desabamento
O Corpo de Bombeiros do Distrito Federal localizou na madrugada do dia 23 o corpo do técnico em edificação Agmar Silva, que desapareceu após o desabamento de um prédio em Vicente Pires. Foram 61 horas de buscas.
Ele foi encontrado entre o térreo e o subsolo, a cerca de dois metros e meio de profundidade dos escombros. Cerca de 30 bombeiros se revezaram na operação para localizá-lo. Era um trabalho delicado por causa do risco de desabamento do prédio ao lado. O corpo foi retirado por volta das 7h20.
Antes do desmoronamento da estrutura, seis pessoas estiveram no local para avaliar as rachaduras que apareceram no edifício – entre elas, Agmar Silva.
Após o prédio ter desabado, o mestre de obras havia informado aos bombeiros que todas as seis pessoas tinham conseguido fugir. No entanto, desde o acidente, Silva não apareceu em casa. Cães farejadores da corporação encontraram sangue e fezes entre os escombros. A vítima tinha 55 anos.
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