O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que tem uma “ótima relação” com o líder das Filipinas, Rodrigo Duterte. Após o encontro muito aguardado entre os dois chefes de Estado nesta segunda-feira em Manila, o americano também elogiou a hospitalidade de Duterte, a organização do encontro e até o clima da cidade.
O presidente filipino tem comandado uma sangrenta guerra às drogas em seu país, que inclui homicídios sem qualquer processo judicial. Na semana passada, Duterte se gabou de ter matado um homem com as próprias mãos.
Trump, porém, não fez nenhuma menção pública sobre as declarações do filipino ou sobre as as constantes violações aos direitos humanos no país, apesar dos diversos pedidos internacionais para que intervisse na situação.
A porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, afirmou que a reunião de 40 minutos entre os dois líderes teve como foco o Estado Islâmico, as drogas e o comércio. A questão dos direitos humanos, segundo ela, apareceu brevemente no contexto da luta das Filipinas contra o narcotráfico. Ela não disse se Trump se mostrou crítico em relação à violência.
Os presidentes se encontraram durante a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).
Diferentemente de seus antecessores, Trump em grande medida abandonou a pressão sobre líderes estrangeiros em questões de direitos humanos, mostrando-se em vez disso disposto a apoiar homens fortes no cenário internacional em busca de ganhos estratégicos. Durante a viagem pela Ásia, ele não fez qualquer menção a direitos humanos durante várias aparições em Pequim com o presidente da China, Xi Jinping.
A guerra às drogas de Duterte causou alarme em defensores dos direitos humanos. Autoridades do governo das Filipinas estimam que mais de 3.000 pessoas, em sua maioria usuários de drogas e narcotraficantes, tenham morrido durante a investida atual contra eles no país. Grupos de direitos humanos afirmam que o número pode ser ainda maior, talvez mais perto de 9.000.
Duterte tem defendido a atuação violenta das forças de segurança e já disse que participou pessoalmente de ações do tipo. No fim do ano passado, ele afirmou que puxou o gatilho e matou três pessoas anos atrás, quando era prefeito de Davao. Na semana passada, durante uma reunião internacional no Vietnã, disse que matou uma pessoa anos antes.
Progresso comercial
Trump disse também nesta segunda-feira que alcançou progresso significativo em questões comerciais durante sua viagem para a Ásia, que viu governos estendendo tapetes vermelhos “como ninguém nunca viu antes”.
“Nós demos alguns passos muito grandes com respeito ao comércio, maior do qualquer coisa que vocês conheçam”, afirmou a repórteres em Manila. A viagem de Trump o levou ao Japão, Coreia do Sul, China e Vietnã, antes de fazer sua última escala na capital das Filipinas.
O presidente disse que um comunicado será emitido pela Casa Branca na quarta-feira sobre a questão da Coreia do Norte e o comércio com a Ásia, questões chave da viagem.
(Com Estadão Conteúdo e Reuters)
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