O Ministério Público do Distrito Federal abriu investigação para apurar se a obra do Trevo de Triagem Norte está poluindo o Lago Paranoá. A suspeita da Promotoria de Meio Ambiente é de que terra contaminada esteja escorrendo para as águas.
“Há indícios pela coloração da água. Então, com a chuva, há uma mancha bem acentuada naquela região que indica tratar-se de área que foi escavada e que a terra está indo pra lá”, apontou o promotor Roberto Carlos Batista.
Por conta disso, o MP solicita – pela segunda vez desde o início das obras – que o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) faça uma vistoria na área para verificar possíveis danos ambientais provocados pela intervenção.
Ao longo da obra, barreiras feitas com pedras e tecidos sustentam grandes montes de terra e evitam enxurradas de lama. Canaletas também direcionam a água da chuva para que ela não escorra para o lago.
No entanto, em outro trecho da obra, próximo à Ponte do Bragueto, não há qualquer barreira de contenção. A terra fica amontoada perto da pista e, do outro lado, está a margem do Lago Paranoá.
“A grande preocupação significa preservar o lago para qualidade de vida da população e sobretudo pra se garantir água, sobretudo agora que a crise hídrica está bem acentuada e que começamos a captar água naquela região da bacia”, acrescentou o promotor.
O que dizem responsáveis?
O Ibram informou que a obra do Trevo de Triagem Norte está “devidamente licenciada” e que deslocou técnicos ao local para verificar a situação. Segundo o instituto, a “lama que está seguindo para o Lago Paranoá, devido ao volume de chuvas” não é contaminante e “não possui qualquer tipo de rejeito”.
“Até o momento a obra não está provocando assoreamento, o que acontece quando parte do barranco é quebrado e desliza para o corpo d’água.”
O diretor do Departamento de Estradas e Rodagens (DER), Henrique Ludovice, disse que a terra escavada na obra não está caindo no lago. “A obra vem seguindo todas as recomendações e condicionantes da Adasa e também do Ibram.”
O DER comunicou que um relatório encaminhado à Agência Nacional de Águas (Adasa) e ao Ibram atesta que a lama vem do lançamento da drenagem de águas pluviais do Noroeste.
“Efetivamente, podemos afirmar que aquela mancha é proveniente do Noroeste”, disse Ludovice.
Risco ambiental
Em fevereiro do ano passado, o Ministério Público recomendou que o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) interditasse as obras por irregularidades ambientais. O órgão apontou que as intervenções não tinham o Projeto Básico Ambiental, “indispensável para o início de qualquer obra que cause impacto significativo”.
Uma perícia apontou danos ambientais em áreas consideradas sensíveis, como córregos, nascentes e veredas. Entre elas, uma nascente e um corpo hídrico que drena água justamente para o Lago Paranoá.
Na ocasião, o Departamento de Estradas e Rodagens (DER) disse que havia cumprido as condicionantes e encaminhado relatório ao Ibram. O Ibram, por sua vez, informou que não havia acatado a recomendação, mas que prestara esclarecimentos e encaminhara uma cópia digital do processo de licenciamento.
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