Brasília – A menos de 24 horas do prazo final para se desincompatibilizar do cargo e com o temor de ficar isolado no MDB, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deixou para esta sexta-feira, 06, pela manhã a decisão de deixar ou não o governo para buscar uma candidatura à Presidência da República nas eleições de outubro.
O presidente Michel Temer e Meirelles marcaram uma conversa final. Temer já convidou Meirelles a acompanhá-lo em uma viagem hoje a Salvador, seja como candidato ou ministro. A intenção do ministro é anunciar os planos em uma entrevista coletiva.
As dúvidas que marcaram as últimas semanas sobre embarcar no projeto eleitoral ao lado do presidente Michel Temer, se intensificaram depois da cerimônia de filiação ao MDB.
Meirelles não quer ser candidato a vice-presidente e via na filiação uma oportunidade de encabeçar uma chapa, caso Temer desistisse da intenção de se candidatar. Mas essa garantia não está dada.
Antes mesmo da filiação ao MDB, o ministro já estava indeciso, mas na cerimônia teria “caído a ficha”, segundo assessores, de que não conseguirá o apoio do partido para ser o cabeça de chapa na campanha ao Planalto.
Aborreceu o ministro, sobretudo, a ausência das lideranças emedebistas na cerimônia e a pouca atenção dada a ele no marketing do evento, que contou com banners e um jingle que reforçaram a figura de Temer.
Ser vice nunca foi sua pretensão, o que já foi dito por ele publicamente diversas vezes. Oficialmente, Meirelles afirma que só vai tomar a decisão nesta sexta-feira, mas nos últimos dias oscilou num vaivém entre ir e sair, com prejuízos para a equipe econômica que perdeu batalhas importantes no Congresso.
Interlocutores mais próximos brincam que estava mais fácil adivinhar o voto da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do habeas corpus do ex-presidente Lula, do que a decisão de Meirelles sobre seu projeto político.
Lideranças do MDB resistem também a dar apoio a Meirelles em seus redutos eleitorais, um risco de isolamento recorrente nas candidaturas do MDB.
Além disso, a indicação feita por Meirelles do nome de Eduardo Guardia para substituí-lo na Fazenda até hoje enfrenta resistências políticas.
O Planalto anunciou o adiamento de todas as posses para a semana que vem. Para ontem estava prevista a transmissão de cargo do ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, a seu secretário executivo, Estevez Colnago. Dyogo assumirá a presidência do BNDES na segunda-feira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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