A polícia francesa interrogava nesta segunda-feira os pais e um amigo do jovem fichado por radicalização islâmica que atacou pessoas com uma faca no sábado em Paris, antes de ser morto pela polícia, para determinar se ele agiu sozinho ou se teve cúmplices.
Identificado como Khamzat Azimov, o agressor é um francês nascido em novembro de 1997 na Chechênia, uma pequena república muçulmana da Federação da Rússia. Ele matou um homem de 29 anos e feriu outras quatro pessoas em uma rua próxima à Ópera Garnier.
O Estado Islâmico (EI) divulgou hoje um vídeo em que um jovem, apresentado como o autor do ataque, jura fidelidade à organização jihadista.
Os pais do jovem de 20 anos estão detidos desde domingo para serem interrogados. O pequeno hotel onde viviam em um bairro popular de Paris foi revistado, sem resultados conclusivos.
Um amigo do agressor, também nascido em 1997, foi detido no domingo à tarde em Estrasburgo. Ele foi colocado sob custódia provisória e sua casa foi revistada, antes de ser levado nesta segunda à Direção Geral da Segurança Interna (DGSI) na periferia de paris.
A Procuradoria pediu a prorrogação por 24 horas da detenção do jovem. Ele é a pessoa “mais próxima” do autor do ataque, de acordo com uma fonte judicial.
Khamzat Azimov e ele estavam “sempre juntos, dentro e fora da escola”. Os dois jovens muçulmanos passavam o tempo livre “jogando videogame e praticando esportes”, relatou à AFP um ex-colega de turma.
Polêmica sobre os fichados por radicalização
Apesar de não ter antecedentes criminais, seu nome constava desde 2016 no chamado arquivo “S” dos serviços de Inteligência franceses, informaram fontes ligadas à investigação, ainda sem explicar os motivos do ato.
Esse arquivo conta com o registro de mais de dez mil pessoas consideradas perigosas, metade das quais é islamista radical, ou pessoas suscetíveis de terem contatos com movimentos terroristas. Inclui ainda “hooligans” do futebol, ou membros de grupos de extrema esquerda, ou de extrema direita.
Seu nome também aparecia no Arquivo de Prevenção contra a Radicalização Islâmica (FSPRT), mas em razão de “suas relações” e não propriamente por “seu comportamento, seus atos ou posicionamentos”, disse uma fonte próxima à investigação.
Um ano atrás, o agressor havia sido “interrogado pela seção antiterrorista da brigada criminal já que ele conhecia um homem ligado a alguém que viajou para a Síria”, acrescentou a fonte.
Isso reavivou a controvérsia na França sobre a eficácia da vigilância de pessoas fichadas por radicalização. A presidente do partido de extrema-direita Frente Nacional, Marine Le Pen, estimou que o sistema de arquivos ‘S’ “não ajuda”.
Radouane Lakdim, um franco-marroquino que matou quatro pessoas perto de Carcassonne (sudoeste) em março também constava na lista “S” desde 2014 por causa de suas relações suspeitas “com o movimento salafista”.
“A França volta a pagar o preço do sangue, mas não cede um milímetro sequer frente aos inimigos da liberdade”, reagiu no Twitter, no sábado, o presidente Emmanuel Macron.
Este ataque eleva para 246 o número de mortos em ataques jihadistas na França desde 2015.
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