Tecnologia
WhatsApp completa uma década de existência mais pressionado do que nunca
O WhatsApp alcança neste domingo, 24 de fevereiro, a marca de 10 anos de existência. Não são tantas empresas de tecnologia que conseguem chegar a este ponto: a maioria fecha as portas muito antes. Também são poucas as empresas que chegam ao seu décimo aniversário tão pressionadas quanto o aplicativo de mensagens do Facebook.
Desde sua fundação, o app foi norteado pela privacidade, o que fez com que seus fundadores se recusassem a exibir publicidade. A popularidade do WhatsApp aliada à sua criptografia de ponta-a-ponta, faz com que ele se torne uma ferramenta altamente visada por governos do mundo inteiro. Isso porque, ao oferecer comunicações protegidas entre seus usuários, o WhatsApp também dificulta consideravelmente investigações policiais e ações de espionagem em sua plataforma.
Isso tem feito com que cada vez mais governos pressionem o aplicativo a oferecer uma forma de quebrar essa criptografia, possibilitando a interceptação e leitura do conteúdo trocado por usuários que despertem algum tipo de interesse das autoridades. O WhatsApp, por sua vez, se recusa a fazer isso terminantemente.
Mas por que o WhatsApp se recusa a fazer isso? A questão é complexa, mas pode ser facilmente entendida com uma analogia: imagine a porta da sua casa aberta; se você permitir que ela fique assim, um policial ou um bombeiro pode ter mais facilidade para entrar em um momento que você precise de socorro. No entanto, a mesma porta aberta pode ser usada para um ladrão entrar na sua residência e roubar as suas coisas.
A questão da criptografia é bastante similar a esta porta aberta. Se o WhatsApp decidir criar uma brecha que facilite a quebra da sua criptografia a pedido das autoridades, a mesma brecha pode ser usada pelo cibercrime para espionar o conteúdo das suas mensagens. E atualmente, o WhatsApp é usado na comunicação interna de empresas, profissionais usam para falar com clientes, pessoas trocam fotos íntimas, trocam informações de documentos privados, trocam número de cartão de crédito… há uma infinidade de conteúdo sensível circulando diariamente pelo aplicativo. E, lembre-se, não há como controlar quem passa por uma porta aberta.
Isso cria um clima de permanente tensão entre o WhatsApp e as autoridades que só tende a se agravar com o aumento da popularidade. O Reino Unido já tentou pressionar aplicativos de mensagens a abrandarem a criptografia; o mesmo já aconteceu na Austrália e na Índia, onde houve um surto de linchamentos com base em boatos. Até mesmo no Brasil essa situação já foi discutida após a apresentação do pacote “anticrime”, do ministro Sérgio Moro.
Você precisa estar logado para postar um comentário Login