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Justiça de Mianmar rejeita última apelação de jornalistas presos
Wa Lone e Kyaw Soe Oo estão presos desde dezembro de 2017, quando investigavam o assassinato de dez rohingyas
Naypytaw — O principal tribunal de Mianmar rejeitou nesta terça-feira a apelação de dois repórteres da Reuters condenados a sete anos de prisão por violarem a Lei de Segredos Oficiais, um caso emblemático que provocou dúvidas sobre a transição do país para a democracia.
“Eles foram condenados a sete anos e esta decisão permanece, e a apelação está rejeitada”, disse Soe Naing, juiz da Suprema Corte, na capital, Naypyitaw, sem dar detalhes.
Wa Lone, de 33 anos, e Kyaw Soe Oo, de 29 anos, passaram mais de 16 meses detidos desde que foram presos em dezembro de 2017, quando investigavam o assassinato de 10 homens e meninos muçulmanos rohingyas.
Eles estão detidos na prisão de Insein, em Yangon, e não estavam presentes para ouvir o veredicto da Suprema Corte.
Suas esposas, que viajaram para Yangon para ouvir o veredicto nesta terça-feira, emergiram da sala do tribunal enxugando as lágrimas discretamente.
Panei Mon, esposa de Wa Lone que deu à luz o primeiro filho do casal no ano passado, disse que estava “torcendo pelo melhor”.
“Nossos maridos são boas pessoas”, disse. “Queremos que eles sejam libertados o mais cedo possível.”
Em setembro, os jornalistas foram considerados culpados por um juiz de uma corte distrital de Yangon, a maior cidade de Mianmar, nos termos da Lei de Segredos Oficiais. A Alta Corte de Yangon já havia rejeitado uma apelação anterior em janeiro.
Advogados dos repórteres voltaram a apelar à Suprema Corte, a maior instância jurídica do país, citando a falta de provas de um crime e indícios de que a dupla foi alvo de uma armação montada pela polícia. No ano passado, um policial depôs dizendo que agentes plantaram documentos secretos nos dois repórteres.
“Wa Lone e Kyaw Soe Oo não cometeram nenhum crime, nem havia qualquer prova de que cometeram”, disse o consultor legal da Reuters, Gail Gove, em um comunicado nesta terça-feira.
“Pelo contrário, foram vítimas de uma armação policial para silenciar sua reportagem verídica. Continuaremos fazendo tudo que pudermos para libertá-los assim que possível.”
Um porta-voz do governo não respondeu a ligações pedindo comentário.
A prisão dos repórteres provocou revolta entre defensores da liberdade de imprensa, diplomatas ocidentais e líderes mundiais, aumentando a pressão sobre a líder de Mianmar, Aung San Suu Kyi, vencedora do Prêmio Nobel da Paz que assumiu o poder em 2016 em meio a uma transição de um governo militar para a democracia.
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