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Saúde

A hora e a vez do parto natural

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O aumento do número de partos naturais nos últimos anos no Brasil merece ser comemorado, mas ainda há muito caminho a ser percorrido

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Mulher grávida

O Brasil parece disposto a renunciar à incômoda disputa com a República Dominicana pelo “título” de campeão mundial de cesarianas. De acordo com relatório divulgado em março pelo Ministério da Saúde (MS), em 2015, 55,5% dos partos no país foram realizados por meio de procedimentos cirúrgicos, 1,5 ponto percentual abaixo do registrado no ano anterior. O declínio – que teve sequência em 2016, segundo dados preliminares – é fruto de diversas iniciativas adotadas pelo governo federal desde o início da década.

Iniciativas que impulsionaram os partos naturais

As mais relevantes são a criação do Rede Cegonha – programa de acompanhamento e assistência a gestantes oferecido pelo Sistema Unificado de Saúde (SUS) –, investimentos em 15 centros de parto normal, a capacitação de profissionais em 86 hospitais-escola, parcerias com o setor privado e, por fim, o lançamento das Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal, pelo MS, no primeiro trimestre do ano.

Tive o privilégio, de contribuir com esse esforço, como presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, por meio do programa Parto Adequado, executado em conjunto com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e o Institute for Healthcare Improvement (IHI).

Iniciado em outubro de 2014, o projeto – do qual participaram 31 hospitais privados, onde o procedimento cirúrgico supera por larga margem os partos normais, quatro públicos e nove operadoras de planos de saúde – alcançou uma expressiva redução do índice de cesáreas: de 80,2% para 66%, ao longo de 18 meses. Em números absolutos, esse trabalho contribuiu para que 10.000 cirurgias sem indicação clínica, ou seja, desnecessárias, e 400 admissões de bebês em UTIs neonatais fossem evitadas.

Ampliação do projeto

Os resultados obtidos, que ganharam o reconhecimento da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Fundação Bill e Melinda Gates, estimularam o Ministério da Saúde a ampliar o projeto. Em março, teve início a segunda fase do Parto Adequado, com uma adesão substancialmente maior: 128 hospitais privados e 25 públicos de 21 unidades da Federação (dez a mais do que na primeira etapa), além de 85 operadoras de planos de saúde. As linhas mestras do programa seguem as mesmas, com a intensa prestação de informações sobre o parto natural para gestantes e mulheres que desejam ter filhos e equipes de atendimento formadas por médicos e enfermeiras. Nada a ver, portanto, com o padrão de serviços ainda dominante no país, que tem como único protagonista o obstetra.

Longo caminho

Tais avanços merecem ser comemorados, mas ainda há muito caminho a ser percorrido até que o Brasil alcance o índice de cesarianas recomendado pela Organização Mundial da Saúde, da ordem de 15%. A meu ver, o principal obstáculo a ser superado é de natureza cultural e comportamental. Um levantamento divulgado em 2015 pelo MS e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que 53,5% das cesarianas no país são agendadas ainda durante a fase do pré-natal. É preciso seguir lutando para reduzir essa exposição de mães e bebês aos riscos de cirurgias desnecessárias.

Quem faz Letra de Médico

Adilson Costa, dermatologista
Adriana Vilarinho, dermatologista
Ana Claudia Arantes, geriatra
Antonio Carlos do Nascimento, endocrinologista
Antônio Frasson, mastologista
Artur Timerman, infectologista
Arthur Cukiert, neurologista
Ben-Hur Ferraz Neto, cirurgião
Bernardo Garicochea, oncologista
Claudia Cozer Kalil, endocrinologista
Claudio Lottenberg, oftalmologista
Daniel Magnoni, nutrólogo
David Uip, infectologista
Edson Borges, especialista em reprodução assistida
Fernando Maluf, oncologista
Freddy Eliaschewitz, endocrinologista
Jardis Volpi, dermatologista
José Alexandre Crippa, psiquiatra
Ludhmila Hajjar, intensivista
Luiz Rohde, psiquiatra
Luiz Kowalski, oncologista
Marcus Vinicius Bolivar Malachias, cardiologista
Marianne Pinotti, ginecologista
Mauro Fisberg, pediatra
Miguel Srougi, urologista
Paulo Hoff, oncologista
Paulo Zogaib, medico do esporte
Raul Cutait, cirurgião
Roberto Kalil – cardiologista
Ronaldo Laranjeira, psiquiatra
Salmo Raskin, geneticista
Sergio Podgaec, ginecologista
Sergio Simon, oncologista
Walmir Coutinho, endocrinologista

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