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A Venezuela sobrevive a mais seis anos de Maduro?

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Sem nenhuma surpresa, o presidente venezuelano Nicolás Maduro foi reeleito neste domingo para governar o país de 2019 a 2025

Sem nenhuma surpresa, o presidente venezuelano Nicolás Maduro foi reeleito neste domingo para governar o país de 2019 a 2025. Maduro teve 5,8 milhões de votos com uma participação de 8,6 milhões de eleitores, 43% dos mais de 20 milhões aptos a votar. O segundo colocado foi o ex-governador Henri Falcón, que ficou com 1.820.552 votos, seguido pelo ex-pastor evangélico Javier Bertucci (925.042).

A baixa participação dos eleitores era esperada, uma vez que a oposição pediu o boicote dos eleitores depois de seus líderes mais populares, como Leopoldo López e Henrique Capriles, serem proibidos de concorrer. Denúncias de compras de votos, de coação de eleitores e de outros tipos de fraudes eleitorais pipocaram durante o fim de semana, o que faz com que o novo mandato de Maduro traga uma nova leva de incertezas sobre o futuro do país.

Maduro está no poder desde 2013, mas o chavismo, estilo de governo implantado por seu antecessor, Hugo Chávez, governa a Venezuela desde 1999. Em entrevista a EXAME, o analista político Phllip Gunson, da International Crisis Group, ONG voltada a conflitos internacionais, afirma que Maduro deve usar a vitória para implantar definitivamente uma ditadura comunista no país. Não deve, portanto, levar a cabo reformas que tirem a economia do atoleiro — no ano passado a economia da Venezuela encolheu 13,2% e a inflação passou de 2.600%, segundo a oposição.

Para garantir sua vitória, Maduro tomou ações que devem piorar ainda mais a inflação. No dia 1.º, concedeu aumento de 95% no salário mínimo, para um milhão de bolívares. Somado com o bônus de alimentação, o total ficou em 2,55 milhões de bolívares — o que não dá para comprar um quilo de queijo fatiado, ou duas latas de atum no depauperado varejo de alimentos do país. São necessários cerca de 100 salários mínimos para adquirir a cesta básica familiar, cujo preço subiu 11.000% nos últimos 12 meses.

A alta recente nas cotações de petróleo, responsável por 95% das exportações, deveriam ser um alento, mas a Venezuela, dona das maiores reservas do planeta, não está em condições de se beneficiar de suas vantagens competitivas. Grande parte da produção é negociada com Rússia, China e com países do Caribe em contratos antigos. Um percentual pequeno é vendido por dinheiro líquido, e a PDVSA vive quedas crescentes na produção. Recentemente, foi revelado que o país precisou importar petróleo para doar a Cuba.

O Conselho Nacional do Comércio e dos Serviços da Venezuela informou em abril que ao menos 500.000 empresas fecharam desde 2002. Não se sabe se a Venezuela, uma das economias mais dinâmicas da América Latina no século 20, sobrevive a mais seis anos de Maduro.

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