Centro-Oeste
Abatedouro acusa ETE e aterro de poluir rio melchior com substâncias tóxicas

Situado na região do Rio Melchior, o abatedouro Suínobom Alimentos apontou órgãos do Governo do Distrito Federal (GDF) como os principais responsáveis pela poluição das águas dessa bacia.
A empresa informou ao Metrópoles que a ausência de saneamento básico no Sol Nascente e o crescimento desordenado da área também são fatores que prejudicam o rio.
“É de conhecimento público que os maiores volumes de efluentes lançados diretamente no Rio Melchior provêm da maior estação de tratamento de esgotos do DF, a ETE Samambaia, além do chorume altamente tóxico e poluente do Aterro Sanitário de Brasília”, declarou a companhia.
O abatedouro também destacou que a falta de saneamento no Sol Nascente, que margeia a VC-311, e o desenvolvimento irregular da região por meio de invasões e grilagens contribuem para a contaminação do solo e das águas, lançando esgoto em fossas negras.
O Serviço de Limpeza Urbana (SLU), responsável pelo Aterro Sanitário de Brasília, emitiu nota afirmando que os efluentes tratados no aterro são seguros para o ambiente e a saúde pública, possuindo autorização de órgãos ambientais para o lançamento.
A empresa pública responsável pela ETE Samambaia não retornou os pedidos de contato até a última atualização desta reportagem.
Quanto às autorizações ambientais, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) informou que os abatedouros Suínobom Alimentos e Bonasa Alimentos operam sem licenciamento ambiental vigente, estando sujeitos a sanções e fiscalizações.
Nathália Lima de Araújo Almeida, superintendente de Licenciamento do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), disse que providências já foram tomadas e os processos de regularização estão em andamento.
A Suínobom Alimentos declarou estar em processo de obtenção da Licença de Operação Corretiva junto ao Ibram e esclareceu que o empreendimento não descarta efluentes no Rio Melchior, situado a mais de 2.500 metros de distância, evitando impactos ao corpo hídrico.
A Bonasa afirmou que sua unidade localizada em Samambaia não atua como abatedouro ou incubatório, funcionando apenas como granja de terminação de suínos com tecnologia que não gera resíduos líquidos, e um pátio de compostagem estruturado para evitar contaminação do solo.
Simone de Moura Rosa, superintendente de fiscalização do Ibram, apontou irregularidades no abatedouro da Seara Alimentos, que abate cerca de 280 mil aves por dia, com registros de infrações por descumprimento de condições da licença ambiental.
Paula Belmonte, deputada distrital e presidente da CPI, ressaltou preocupações com vazamentos e problemas ambientais na unidade da Seara, caracterizando crime de poluição.
Segundo servidores do Ibram, o uso excessivo e o descarte irregular no Rio Melchior por diversas atividades complicam a recuperação ambiental do local, dificultando a melhoria da qualidade da água.
Moradores próximos ao Rio Melchior relataram adoecimentos frequentes atribuídos à poluição do rio.
Em 2024, a empresa Hydros Soluções Ambientais Ltda foi multada pela Secretaria do Meio Ambiente do Distrito Federal por despejar efluentes de forma irregular e com tratamento inadequado no Rio Melchior.
Embora o pedido para instalação da CPI do Rio Melchior tenha sido proposto em 2023, sua aprovação ficou pendente em meio a outras comissões e somente foi confirmada em fevereiro de 2025.

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