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Acidente no Elevador da Glória em Lisboa: maioria das vítimas eram estrangeiras

A polícia de Portugal anunciou nesta sexta-feira, 5, que 11 das 16 pessoas que perderam a vida no descarrilamento do Elevador da Glória em Lisboa eram estrangeiras. O primeiro relatório sobre as causas do acidente deve ser divulgado ainda hoje.
Entre as vítimas estavam cinco portugueses, três britânicos, dois canadenses, dois sul-coreanos, um americano, um francês, um suíço e um ucraniano, conforme comunicado policial. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil confirmou que três brasileiros ficaram feridos no incidente, sendo que dois já tiveram alta e uma mulher permanece hospitalizada.
Um alemão, inicialmente contado entre os mortos, foi encontrado em um hospital de Lisboa, segundo a polícia, sem explicação para o erro. A lista das nacionalidades foi divulgada após a identificação forense.
O popular Elevador da Glória, um Monumento Nacional, estava cheio de moradores e turistas quando descarrilhou na noite de quarta-feira, 3. O acidente resultou em 16 mortes e 21 feridos.
Diversas entidades investigam o acontecimento, que o primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, classificou como “uma das maiores tragédias recentes” do país.
O Gabinete de Investigação de Acidentes Aéreos e Ferroviários já concluiu a análise dos destroços, com um relatório técnico preliminar a ser divulgado ainda hoje, embora seja incerto o quanto será revelado.
O chefe da polícia, Nelson Oliveira, indicou que um relatório preliminar mais abrangente deverá ser apresentado em 45 dias. Os destroços do bonde foram retirados durante a noite de quinta-feira, 4, e estão sob custódia policial.
Impacto internacional
Uma mulher com dupla cidadania franco-canadense está entre os mortos, informou o Ministério das Relações Exteriores da França.
O Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes informou que o guarda-freio, André Marques, estava entre os falecidos. A Santa Casa da Misericórdia notificou a morte de quatro de seus funcionários, instituição de caridade local.
Feridos incluem espanhóis, israelenses, portugueses, brasileiros, italianos e franceses, segundo Álvaro Santos, diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde português.
O primeiro-ministro declarou: “Essa tragédia ultrapassa nossas fronteiras”. Lisboa recebe anualmente cerca de 8,5 milhões de turistas, e o funicular é um ponto turístico famoso. Foi decretado luto nacional em memória das vítimas.
Na noite de quinta-feira, uma missa solene foi realizada na Igreja de São Domingos, em Lisboa, com a presença do presidente Marcelo Rebelo de Sousa, do prefeito Carlos Moedas e do primeiro-ministro Luís Montenegro, todos vestidos de preto.
Segurança e inspeções
O Elevador da Glória, também chamado Ascensor da Glória, funciona com cabos de aço e pode levar até 40 pessoas. Autoridades não confirmaram se falha no freio ou rompimento de cabo causou o acidente, que terminou com o bonde batendo contra um prédio em uma curva íngreme.
O prefeito da cidade afirmou: “A população precisa de respostas” e enfatizou que as causas ainda são apenas especulações.
A polícia, Ministério Público e especialistas governamentais investigam o caso, enquanto a empresa responsável, Carris, realiza sua própria apuração interna.
Em operação desde 1914, o funicular passou por manutenção completa no ano anterior. O CEO da Carris, Pedro de Brito Bogas, informou que inspeções visuais diárias são feitas, a última cerca de nove horas antes do acidente, sem detalhar os procedimentos.
A Câmara Municipal de Lisboa suspendeu temporariamente outras três linhas de funicular até a conclusão das inspeções.
Reações de turistas
Felicity Ferriter, turista britânica de 70 anos, relatou que ouvia um “barulho terrível” enquanto arrumava a mala num hotel próximo. Ela tinha planejado usar o funicular durante sua visita.
Ela disse: “Seria um dos momentos mais marcantes da nossa viagem” e refletiu que poderia ter sido vítima do acidente.
A turista italiana Francesca di Bello, 23 anos, que visitou o Elevador da Glória poucas horas antes do acidente, expressou choque ao ver os destroços no dia seguinte.
Quando perguntada se voltaria a usar funiculares em Portugal ou em outro lugar, foi categórica: “Definitivamente não.”

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