Acordo encerra disputa entre Washington e governo Trump sobre controle da polícia

O Departamento de Justiça e as autoridades de Washington chegaram a um acordo nesta sexta-feira (15) sobre a supervisão da força policial da capital dos Estados Unidos. O presidente Donald Trump justificou a medida como parte do combate à criminalidade.

O acordo surgiu após uma audiência em um tribunal federal, motivada pelo processo movido pelo procurador-geral de Washington, Brian Schwalb, que acusou a administração de Trump de uma tomada de controle hostil da polícia local.

Recentemente, o presidente republicano colocou a polícia metropolitana sob controle federal e enviou a Guarda Nacional para atuar nas ruas da cidade. Logo depois, a procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, nomeou o chefe da Administração de Controle de Drogas, Terry Cole, como comissário policial temporário.

Schwalb contestou essa nomeação solicitando uma ordem judicial para impedir a execução da medida, alegando que Trump excedeu sua autoridade sobre o Distrito de Columbia. Ele afirmou que essa ação viola o direito de autogoverno local e ameaça a segurança dos cidadãos da capital, chamando a medida de afronta à dignidade dos quase 700 mil habitantes de Washington.

Durante a audiência, a juíza distrital Ana Reyes sugeriu que as partes chegassem a um acordo. Assim, ficou decidido que Terry Cole irá orientar o departamento policial por meio do prefeito da cidade, sem poder ordenar diretamente os agentes.

Após a audiência, Brian Schwalb declarou que espera que a questão sobre o controle da polícia tenha sido resolvida legalmente, reafirmando que o comando permanece com o chefe de polícia indicado pelo prefeito.

Contexto especial

Diferentemente dos estados, Washington tem uma relação única com o governo federal, que restringe sua autonomia e dá ao Congresso controle significativo sobre assuntos locais.

Desde os anos 1970, a Lei de Autonomia Local permite que os moradores elejam seu prefeito e conselho, embora o orçamento ainda seja controlado pelo Congresso. A cidade, predominantemente democrata, é alvo de críticas de políticos republicanos que a acusam de ter altos índices de criminalidade, problemas com pessoas em situação de rua e má administração financeira.

Porém, dados policiais indicam uma redução significativa nos crimes violentos entre 2023 e 2024, após um aumento durante a pandemia. A prefeita Muriel Bowser afirmou recentemente que os índices de crimes violentos estão nos níveis mais baixos em 30 anos.

Trump declarou seu desejo de remover os acampamentos de moradores de rua da capital. Washington está na 15ª posição entre as cidades americanas com maior número de pessoas em situação de rua, segundo dados do governo do último ano.

Em sua rede social Truth Social, Trump afirmou que a cidade está cercada por criminosos e tem níveis de violência superiores a muitas das cidades mais perigosas de países em desenvolvimento.