Adidas se desculpa com artesãos mexicanos por uso indevido de design

A companhia alemã Adidas expressou publicamente seu pedido de desculpas a uma comunidade indígena do México nesta quinta-feira (21) após se inspirar em seus calçados tradicionais para criar um modelo novo. Essa ação foi criticada como apropriação cultural por artesãos locais e autoridades.

O calçado chamado “Oaxaca Slip-On” gerou críticas desde a prefeita da Cidade do México, Claudia Sheinbaum, até os moradores de Villa Hidalgo Yalalag (Oaxaca, região sul), onde executivos da Adidas se reuniram com representantes e os artesãos da comunidade.

Este sapato “foi desenvolvido inspirado em um design tradicional próprio do povo de Villa Hidalgo Yalalag”, afirmou Karen González, diretora jurídica da Adidas México, durante uma cerimônia oficial.

“Reconhecemos que esta situação pode ter causado incômodo, portanto fazemos um pedido público de desculpas”, acrescentou.

A representante garante que, daqui para frente, a Adidas vai procurar “orientação e colaboração” com esta comunidade que depende principalmente da produção artesanal para seu sustento.

O calçado em questão foi criado pelo designer americano com raízes mexicanas, Willy Chavarria, que também já pediu desculpas pelo ocorrido.

Este ano, Chavarria também gerou polêmica com um desfile na Semana de Moda de Paris, quando modelos tatuados, vestidos com roupas brancas, se ajoelharam numa cena que parecia criticar prisões de membros de gangues em El Salvador.

Os huaraches tradicionais são feitos com tiras de couro trançadas à mão, enquanto a versão da Adidas apresenta uma sola mais grossa, mas mantém grande semelhança no design.

Os artesãos de Oaxaca confeccionam até três pares por dia, vendendo cada um por cerca de 20 dólares (aproximadamente R$ 110).

O modelo da Adidas foi lançado no início de agosto, porém foi removido de plataformas de venda online após os protestos.

O governo mexicano declarou que buscará compensação financeira da Adidas por essa situação.

O México já manifestou descontentamento contra outras marcas internacionais que copiam de forma industrial desenhos artesanais indígenas elaborados, causando impacto negativo nas comunidades tradicionais.