Brasil
Aécio caiu no grampo pedindo acesso à delação de ‘BJ’ da Odebrecht
Senador tucano, alvo da Operação Patmos por suposta propina de R$ 2 milhões da JBS, foi interceptado pela Polícia Federal no dia 12 de abril demonstrando interesse em conhecer os termos dos depoimentos de executivo ligado à máquina de propinas da empreiteira
No dia seguinte à abertura de cinco inquéritos dos quais é alvo, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi flagrado pelo grampo da Polícia Federal tentando ter acesso ao inteiro teor de uma delação premiada até então mantida em sigilo pelo Supremo Tribunal Federal. Aécio estava ansioso por conhecer os termos da delação do empresário Benedicto Júnior, o ‘BJ’, executivo da Odebrecht ligado à famosa máquina de propinas da empreiteira.
“Temos que correr atrás da delação completa do Benedicto Júnior neste final de semana, viu (inaudível)? É fundamental para umas ações que vou entrar na segunda-feira”, disse o senador a uma interlocutora ainda não identificada pela PF.
Aécio – Temos que correr atrás da delação completa do Benedicto Júnior neste final de semana, viu (inintelegível)? É fundamental para umas ações que vou entrar na segunda-feira.
Interlocutora – Eu achei um absurdo o que fizeram com a gente no STF. Nem a FSB teve acesso.
A- Você não consegue isso com suas amigas não?
I – Vou tentar. Eu e a Gabriela estamos tentando.
A conversa foi gravada pela PF às 18h42 do dia 12 de abril, uma quarta-feira. Na véspera, o ministro Édson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, autorizou a abertura de cinco inquéritos contra o senador tucano.
Um dos inquéritos tem como base informações prestadas por delatores da Odebrecht, entre eles a de ‘BJ’, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura.
Em seu depoimento, ‘BJ’ afirmou que a Odebrecht fez depósitos para Aécio numa conta de Nova York supostamente operada por sua irmã, Andrea Neves.
O delator afirmou ainda que os valores foram entregues como ‘contrapartida’ ao atendimento de interesses da construtora em obras da Cidade Administrativa, do governo de Minas, realizadas entre 2007 e 2010, e da usina hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia, de cujo consórcio participa a Cemig, a estatal mineira de energia elétrica.
Em nota divulgada à época, a assessoria do senador tucano afirmou que a acusação é ‘falsa e absurda’. “O advogado do senador Aécio Neves, Alberto Zacharias Toron, informou que entrou em contato com o advogado Alexandre Wunderlich, que representa o delator Benedicto Júnior, e este lhe informou que não existe na delação de seu cliente qualquer referência à irmã do senador ou a qualquer conta vinculada a ela em Nova York”, dizia a nota.
COM A PALAVRA, O SENADOR AÉCIO NEVES
O interesse do senador Aécio Neves em obter a íntegra da delação de Benedito Júnior, já não mais em sigilo à época, tinha o objetivo de comprovar que jamais existiu a acusação publicada pela revista Veja de que Andrea Neves possuía conta em Nova York para recebimento de recursos.
A divulgação do conteúdo das delações revelou que tal afirmativa nunca foi feita. Importante notar que este diálogo foi descartado do inquérito por ausência de qualquer fato significativo.
Por fim, é mais do que natural que o senador, diante da notícia de instauração de investigações contra si, buscasse mais informações a respeito, inclusive no que se refere ao seu conteúdo. Isso, obviamente, não tem qualquer conotação irregular e muito menos criminosa.
Assessoria do senador Aécio Neves
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