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África do Sul: CNA garante vitória, mas perde apoio em legislativas

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Partido do atual presidente e de Mandela enfrenta descontentamento da população com casos de corrupção e instabilidade econômica

O presidente do Congresso Nacional Africano, Cyril Ramaphosa, durante a última manifestação do partido no Estádio Ellis Park em Joanesburgo – 05/05/2019 (Siphiwe Sibeko/Reuters)

O Congresso Nacional Africano (CNA), que governa a África do Sul desde 1994, caminha para mais uma vitória, após as eleições legislativas de quarta-feira 8. Ainda assim, com quase 90% das urnas apuradas, o partido vê seu apoio no país diminuir gradualmente.

Segundo os últimos resultados divulgados, após a apuração de 86% das urnas, o CNA recebeu quase 8 milhões de votos – o que representa 57% do apoio dos eleitores.

Esta é a primeira vez que a legenda, que governa a África do Sul desde 1994, tem menos de 60% dos votos. Nas legislativas de 2014, o partido histórico de Nelson Mandela recebeu 62,1% de apoio da população.

Ainda assim, com esse resultado o líder do CNA, Cyril Ramaphosa, deve ser reeleito pelos deputados e tomar posse em 25 de maio.

Em segundo lugar na apuração está a Aliança Democrática (AD), de Mmusi Maimane. O partido aparece com 21,37% dos votos na contagem. A legenda de esquerda Lutadores pela Liberdade Econômica (EFF) tem 10,22%.

Corrupção e instabilidade econômica

Ramaphosa, de 66 anos, era vice-presidente de Jacob Zuma e assumiu a presidência após o ex-mandatário ser obrigado a renunciar por um escândalo de corrupção.

A legenda foi fortemente prejudicada pelo caso de Zuma, que governou a África do Sul por quase dez anos. O populismo do ex-presidente, sua prepotência e seu descaso com os recursos públicos afastaram muitos eleitores do CNA, conhecido por ter lutado na linha de frente pelo fim do apartheid.

A situação econômica do país também aumentou o descontentamento dos sul-africanos com a atual política.

A África do Sul é considerada hoje a nação mais desigual do mundo. Sua economia voltou a cair em recessão pela primeira vez desde 2009 em setembro passado e a taxa de desemprego chegou a 27,1% no último trimestre de 2018.

Os resultados parciais divulgados nesta sexta-feira, 10, confirmam o panorama político nacional de descontentamento e refletem um crescente desinteresse dos sul-africanos pela vida política do país: o índice de participação foi de 65,5%, muito abaixo do registrado em 2014 (73,5%).

Na África do Sul, o voto não é obrigatório, e todos os cidadãos com mais de 18 anos têm direito de se registrar para participar nas eleições.

Apesar da vitória, Cyril Ramaphosa não terá uma missão simples para cumprir suas promessas de amplas reformas. Analistas preveem grandes resistências mesmo dentro de seu partido, onde os partidários do ex-presidente Zuma conservam uma grande capacidade para prejudicar o trabalho do Executivo.

(Com AFP)

 

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