Centro-Oeste
Agressor de mulher deve ser visto como estuprador, diz Jane Klebia
Em entrevista à Radio Metrópoles, na quinta-feira (13/11), a deputada distrital delegada Jane Klebia (Republicanos) falou sobre seu trabalho em defesa das mulheres em Brasília, destacando a necessidade de combater a violência de gênero no Distrito Federal.
“Desejo que o agressor de mulher seja tão repudiado quanto o estuprador, de modo que a sociedade o afaste. Isso reduziria seu espaço, dificultando seu acesso a emprego e crédito. Apenas assim eles irão recuar”, afirmou.
Durante seu discurso, a parlamentar ressaltou a relevância de aprovar projetos que protegem as vítimas e reforçou a luta contra a violência feminina.
“Esta entrevista é essencial para reforçar que o combate à violência não deve ocorrer apenas em datas específicas, mas sempre. A família também precisa participar desse diálogo, pois muitas mulheres são pressionadas por seus próprios familiares a permanecer em ambientes abusivos”, destacou.
A deputada ainda mencionou a importância de vizinhos e testemunhas denunciarem agressões domésticas à polícia, mesmo diante da sensação de impunidade. “Muitos relatam que denunciar não adiantou, mas é preciso insistir. Eventualmente, a situação receberá a atenção necessária e será resolvida”, acrescentou.
Jane Klebia falou sobre a rede de proteção local. Ela destacou um projeto de sua autoria, aprovado por unanimidade na semana anterior, que assegura o acolhimento imediato das vítimas.
Este projeto, aprovado em 4 de novembro, altera a Lei nº 6.623 para permitir que mulheres que sofrem violência doméstica solicitem o Aluguel Social a partir do registro do boletim de ocorrência.
Conforme a parlamentar, o objetivo do projeto é “garantir abrigo temporário e condições básicas de segurança e dignidade para as vítimas enquanto elas reconstroem suas vidas longe do agressor”. A proposta aguarda aprovação do governador Ibaneis Rocha (MDB).
Ela também comentou sobre a Casa da Mulher Brasileira e o programa Viva Flor, que conta com um aplicativo ou dispositivo que funciona como um “botão do pânico” para alertar a polícia, que prontamente envia uma viatura.
Além disso, mencionou o programa “Conheça Seu Par”, em fase de implementação, que visa a divulgação de antecedentes criminais de terceiros, focando em crimes praticados com violência, grave ameaça ou conforme previsto na Lei Maria da Penha. A deputada quer que este programa seja disponibilizado em formato de aplicativo.
Luta antirracista
Ao longo da entrevista, a deputada Jane Klebia destacou a importância da luta contra o racismo.
“Sou a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira no Legislativo do Distrito Federal. Não basta apenas não ser racista, é necessário ser antirracista, atuar, defender e educar as pessoas. Esse não é um problema apenas dos negros, é um problema social”, enfatizou.
Jane Klebia também falou sobre sua transição da Polícia Civil do Distrito Federal para o Legislativo. “Procuro manter o título de delegada, pois ele me traz respeito e ajuda a apresentar meu trabalho parlamentar”, explicou.
“Ser deputada é o maior desafio da minha vida. No meu antigo trabalho, minha equipe me entendia mesmo pelo olhar. No parlamento, existem muitas vontades diferentes, e não é fácil aprovar leis. Contudo, o presidente da CLDF, Wellington Luiz (MDB), tem sido muito receptivo aos projetos que combatem a violência contra a mulher”, concluiu.

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