AGU investiga possível lucro ilegal na venda de dólares após tarifas de Trump

A Advocacia-Geral da União (AGU) está avaliando a possibilidade de solicitar à Polícia Federal, ao Ministério Público Federal (MPF) e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que conduzam uma investigação para apurar se investidores do mercado brasileiro se beneficiaram de forma suspeita das variações do dólar em relação ao real no dia em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.

A iniciativa surgiu após reportagem do Jornal Nacional, exibido pela TV Globo, que revelou movimentações bilionárias na compra e venda de dólares no mercado cambial americano, numa aposta contra a moeda brasileira, justamente na tarde do anúncio da nova medida econômica.

A investigação vai focar em possíveis casos de uso de informações privilegiadas, prática criminosa conhecida como “insider trading”.

Segundo o Jornal Nacional, às 13h30 do dia 9 de julho, no horário de Washington, ocorreu uma compra entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões quando o dólar estava cotado a R$ 5,46. Dois minutos após o anúncio realizado às 16h17 por Trump, uma venda da mesma magnitude aconteceu com o dólar cotado a R$ 5,60.

A reportagem analisou gráficos do mercado cambial e, consultando especialistas, estimou que o lucro obtido nessa operação poderia variar entre 40% a 50% em apenas três horas.

Movimentos semelhantes também foram observados com moedas de outras nações alvo das tarifas elevadas. Parlamentares dos Estados Unidos também manifestaram suspeita de manipulação do mercado financeiro e pediram investigação, mas até o momento não houve avanços sobre esses casos.