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Ala do PDT quer Ciro Gomes fora do partido, mas cúpula da sigla descarta expulsão

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Partido vive divisão interna no Ceará e Ciro protagoniza conflitos com parte da legenda e com o PT

Uma parte da bancada de deputados federais do PDT está insatisfeita com o ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes e passou a cobrar a saída dele da legenda. Deputados querem usar uma reunião marcada pela bancada da sigla na próxima quarta-feira para discutir o assunto e tentar forçar a saída de Ciro.

O movimento acontece após um resultado eleitoral ruim do PDT nas eleições municipais. O partido não conseguiu manter as prefeituras que controla em Fortaleza e Aracaju.

O deputado Josenildo (PDT-AP) já disse ao grupo da bancada que pretende trazer o assunto da expulsão de Ciro para a reunião marcada para a próxima quarta-feira. Ele tem o endosso de outros colegas, mas a cúpula do partido rejeita a pressão.

O líder do PDT na Câmara, Afonso Motta (MS), descartou discutir a expulsão de Ciro. “Claro que não. Não procede esta cogitação”, afirmou.

Reunião focará projetos do congresso

De acordo com Afonso Motta, a reunião da bancada será para discutir os projetos de fim de ano do Congresso, sobretudo a tentativa de acordo entre os Poderes sobre as emendas parlamentares.

O líder da Maioria na Câmara e presidente interino do PDT, André Figueiredo (CE), também negou a possibilidade de expulsão. “O Ciro merece todo nosso respeito”, declarou.

Nos bastidores, deputados do PDT dizem que há uma insatisfação com o ex-presidenciável e que o partido precisará debater maneiras de não se desidratar após o resultado ruim nas eleições de 2024, mas que hoje não há acordo para expulsá-lo do partido.

Possível aliança com o solidariedade e impactos no Ceará

O deputado Paulinho da Força, presidente do Solidariedade, chegou a procurar Ciro para conversar sobre uma eventual filiação à legenda, mas o ex-governador não respondeu.

O Solidariedade é um dos partidos que o PDT avalia para formar uma federação. A ideia é se unir a outras legendas para evitar penalidades pela cláusula de desempenho, que limita o acesso ao fundo partidário e ao tempo de propaganda para partidos com poucos deputados federais. O PDT elegeu 17 deputados em 2022 e conseguiu cumprir a cláusula, mas há temor de não conseguir em 2026. PSDB e PSB são outros partidos que os pedetistas consideram para a federação.

No Ceará, base eleitoral de Ciro, o PDT sofreu um duro revés. Antes o maior partido em número de prefeitos no estado, com 66 eleitos em 2020, agora comandará apenas cinco cidades a partir de 2025.

O ex-presidenciável também se envolveu em um embate com a deputada Duda Salabert (PDT-MG), que foi candidata à prefeitura de Belo Horizonte. Ciro classificou a parlamentar como “ególatra”.

Após não conseguir ir ao segundo turno em Fortaleza, onde o prefeito José Sarto (PDT) foi o primeiro a não ser reeleito na cidade, o PDT se dividiu no segundo turno. Ciro não declarou publicamente sua posição, mas seus principais aliados apoiaram o candidato bolsonarista André Fernandes (PL). Já o presidente interino do PDT, André Figueiredo, apoiou o prefeito eleito Evandro Leitão (PT) e afirmou que o partido fará parte da base do petista.

Irmão de Ciro, mas rompido politicamente com ele, o senador Cid Gomes (PSB-CE) não comentou sobre o futuro partidário do irmão, mas disse que seus aliados no PDT devem deixar a legenda. Cid deixou o PDT para apoiar o PT no Ceará.

Agora, com a vitória do PT em Fortaleza, segundo o senador, deve ocorrer um movimento de saída dos pedetistas que apoiaram o candidato bolsonarista, deixando o PDT livre para ser base de Leitão. Cid acredita que tanto Sarto quanto o ex-prefeito Roberto Cláudio devem sair do PDT.

“Já teve a diáspora que saímos 66 prefeitos e eu. Agora o partido só elegeu cinco prefeitos, desses cinco acho que quatro não devem permanecer. Caminha para uma diáspora do grupo do Roberto Cláudio (ex-prefeito de Fortaleza, que apoiou o PL), é uma sensação. O André, que é o presidente estadual do partido e o presidente nacional, manifestou apoio por afinidades ideológicas, como não poderia deixar de ser diferente, ao Evandro”, afirmou.

“O Sarto manifestou publicamente neutralidade, mas neutralidade da boca para fora, deve ter combinado não apoiar porque o desgaste dele é muito grande, mais atrapalhava que ajudava. Depois que ele manifestou neutralidade, todo mundo que manifestou apoio ao Evandro foi demitido da prefeitura”, completou.

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