Alagamentos fortes afetam moradores rurais do Distrito Federal

Vídeos revelam os danos causados pela chuva em comércios, residências e vias públicas nas áreas do Incra 7 e 8, próximas a Brazlândia, no Distrito Federal. Uma testemunha, que preferiu manter o anonimato, relatou que as enchentes têm ocorrido continuamente nos últimos 15 dias.

Os registros são impressionantes. Banheiros, móveis, prateleiras com alimentos e eletrodomésticos foram invadidos pela água e lama. O proprietário de um bar atingido pelas cheias afirmou que os moradores se sentem desamparados e teme uma nova inundação ainda mais severa: “Estamos em uma situação vulnerável; a qualquer momento pode surgir uma nova enxurrada com estragos maiores”. Para mitigar os prejuízos, ele contratou uma empresa particular para auxiliar na retirada da água e da lama, além de edificar uma barreira protetora.

Ele percebeu o alagamento ao notar a água atingindo seus joelhos, ao sair para o banheiro. Enxergando sua casa e o bar inundados, preferiu aguardar a diminuição da água para requisitar ajuda especializada. Segundo ele, o prejuízo total, considerando móveis, limpeza e alimentos, atinge cerca de R$ 11.000.

Esse tipo de inundação é inédito nos 30 anos em que reside na localidade. Ele e outros moradores apontam que as cheias são um efeito da duplicação da pista da BR-080, que liga Taguatinga e Brazlândia, obra na qual foi retirada a vegetação que tradicionalmente impedia o aumento do nível da água em períodos chuvosos. “A obra está sendo feita sem um sistema de drenagem adequado. Criaram um córrego pelo qual a água passa há cinco quilômetros, nas portas das propriedades da região”.

Além disso, uma testemunha informou que resíduos da construção, como terra, cimento e areia, estão sendo descarregados na Barragem do Descoberto, principal sistema de abastecimento de água do Distrito Federal. Isso contribui para as ruas ficarem barrentas e para as enchentes persistirem.

Os moradores e comerciantes locais apoiam a duplicação da pista, reconhecendo que isso beneficiará o comércio e evitará acidentes, mas criticam a infraestrutura atual. “A forma como a obra está sendo conduzida nos prejudica, causando perdas. Somos a favor da duplicação, mas não do projeto executado”, disse um dos moradores. Para eles, o problema crucial é a ausência de um sistema de drenagem eficiente, essencial em tempos de chuva intensa.

Os moradores planejam uma reunião nesta segunda-feira (8/12) em uma chácara local para debater soluções e buscar apoio de deputados federais e órgãos responsáveis.

O Metrópoles tentou contato com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), que ainda não se manifestou; o canal permanece aberto para respostas.