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Alemanha e Reino Unido firmam aliança de defesa em meio a afastamento dos EUA na Europa

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Reino Unido e Alemanha firmaram nesta quinta-feira um acordo de defesa mútua, ressaltando a crescente união dos líderes europeus diante de um cenário de segurança alterado pela política externa “America First” do presidente Donald Trump e pelo conflito na Ucrânia.

O pacto, assinado pelo primeiro-ministro britânico Keir Starmer e pelo chanceler alemão Friedrich Merz, durante visita a Londres, abrange também áreas como energia, cooperação econômica e migração, além da defesa.

Este tratado expande um compromisso firmado em outubro do ano passado, em que os países concordaram em colaborar na defesa, incluindo exercícios militares conjuntos e desenvolvimento de armamentos avançados.

O acordo obriga ambos os países a considerarem qualquer ameaça a um deles como uma ameaça ao outro, comprometendo-se a se auxiliar, inclusive por meios militares, em caso de ataque armado.

Essa postura é semelhante à da parceria entre Reino Unido e França, que recentemente concordaram em coordenar seus arsenais nucleares para responder a ameaças contra aliados europeus.

Merz, líder de centro-direita que assumiu o cargo em maio, rapidamente se tornou uma peça-chave para a Europa construir uma segurança mais autônoma desde o retorno de Trump. Já Starmer tenta posicionar o Reino Unido como protagonista no apoio europeu à Ucrânia.

Alemanha, que não possui armas nucleares, é o terceiro maior fornecedor de equipamentos militares para a Ucrânia, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e do Reino Unido.

Comandada por Merz, a Alemanha prometeu aumentar seus gastos militares para 3,5% do PIB até 2029, marcando o maior rearmamento desde o fim da Guerra Fria.

Apesar da relação britânico-alemã evoluir de forma mais lenta, a assinatura do tratado representa um avanço significativo para a cooperação em segurança e outras áreas, como explica Mark Leonard, do Conselho Europeu de Relações Exteriores.

Georgina Wright, especialista do Fundo Marshall Alemão, considera o acordo uma “vitória fácil”, já que formaliza uma cooperação que antes não tinha estrutura institucional definida.

Um pacto de confiança e amizade

Autoridades alemãs chamam o acordo de “contrato de amizade”, buscando aproximar os países em meio a crescentes preocupações com segurança e para superar divisões causadas pelo Brexit.

Em meio à desaceleração econômica em ambos os países, o pacto inclui fortalecimento dos vínculos comerciais, parcerias em pesquisa científica e melhorias no transporte ferroviário, além de ações ligadas à migração.

Destaca-se a cooperação no combate ao tráfico de pessoas e facilitação da circulação de cidadãos britânicos e alemães no pós-Brexit, como processos mais simples para estudantes e passagens facilitadas em aeroportos.

A migração também foi tema da visita do presidente francês Emmanuel Macron ao Reino Unido, que acordou com Starmer um programa piloto para o retorno e troca equilibrada de migrantes entre os países.

Embora a visita de Merz seja mais modesta se comparada à de Macron, isso não diminui a relevância da relação entre ele e Starmer, ambos líderes centristas que enfrentam desafios em cenários políticos polarizados.

Além disso, ambos são relativamente novos em seus cargos, com potencial para desenvolver uma cooperação duradoura: Starmer completou um ano na liderança, enquanto Macron se aproxima do fim de seu mandato, com eleições francesas previstas para 2027.

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