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Aliados de Tarcísio apostam em distração causada por Flávio Bolsonaro
O anúncio de que Jair Bolsonaro (PL) escolheu o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para disputar a Presidência da República em 2026 gerou uma disputa familiar, envolvendo a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e os filhos do ex-presidente, além de pressionar outros possíveis candidatos da direita, especialmente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Aliados do governador acreditam que ainda é muito cedo para avaliar os reais impactos da pré-candidatura do filho mais velho do ex-presidente. As declarações inconsistentes de Flávio deram a impressão de que a decisão é instável. Após anunciar sua candidatura, o senador do Rio de Janeiro mencionou que haveria um “preço” para desistir da disputa, mas em menos de 24 horas afirmou que a decisão era “irreversível”.
Segundo pessoas próximas ao governador, o anúncio poderia servir como uma distração para protegê-lo de ataques da oposição e até de aliados interessados em seu espaço político em São Paulo. A presença de Flávio no centro das atenções ajudaria a diminuir tensões na disputa pela sucessão no Palácio dos Bandeirantes, pelo menos até o início de janeiro.
Interlocutores indicam que Tarcísio continua articulando com líderes partidários do Centrão, que preferem o governador de São Paulo como candidato na chapa presidencial, discutindo próximos passos para ele e seu grupo. Em agenda no interior paulista, o governador passou o dia em reuniões telefônicas.
Na segunda-feira (8/12), Tarcísio rompeu o silêncio e se pronunciou sobre a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro. Ele garantiu fidelidade a Bolsonaro, expressou apoio a Flávio, mas mencionou que outros nomes da centro-direita devem entrar na disputa, como os governadores Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União-GO) e Ratinho Júnior (PSD-PR).
“Ele disse, o Flávio, que essa foi a escolha feita pelo Bolsonaro. E é isso. O Flávio terá nosso apoio. Ele assume uma grande responsabilidade a partir de agora, juntando-se a outros nomes importantes da oposição”, afirmou Tarcísio.
Até o momento, a candidatura de Flávio animou os “bolsonaristas raiz”, que compõem a base de Tarcísio no governo paulista, mas não agradou líderes do Centrão e parcela do empresariado e mercado financeiro, que preferem o governador — na sexta-feira, após o anúncio, o dólar subiu e a Bolsa de Valores caiu 4%.
Líderes da centro-direita, sobretudo do União Brasil e Progressistas, que romperam relações com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), embora não admitam publicamente, desejam se afastar da família Bolsonaro e veem em Tarcísio a melhor alternativa para conquistar os votos bolsonaristas, sem ficarem reféns das decisões imprevisíveis da família.
Negociações para anistia
O principal objetivo da postulação presidencial de Flávio Bolsonaro seria negociar a libertação de seu pai. Parlamentares da direita consultados pelo Metrópoles avaliam que o pior cenário seria o ex-presidente preso no complexo da Papuda, o qual não aconteceu, e o melhor seria que Bolsonaro se mantivesse elegível para as próximas eleições, o que parece improvável.
Embora Flávio tenha colocado a elegibilidade de seu pai como condição para desistir da corrida presidencial, ele não descartou negociar e estaria aberto a acordos, segundo um aliado. Esse interlocutor disse que o filho mais velho do ex-presidente aceitaria até mesmo a prisão domiciliar para Bolsonaro.


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