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Aliados europeus apoiam Zelensky em Londres após críticas
Os principais aliados europeus da Ucrânia manifestaram seu apoio a Volodimir Zelensky nesta segunda-feira (8), em Londres, após o presidente ucraniano ser alvo de críticas de Donald Trump, que demonstrou dúvidas sobre os detalhes do plano americano para pôr fim ao conflito com a Rússia.
Zelensky se encontrou por cerca de duas horas com líderes do Reino Unido, Alemanha e França, após as acusações de Trump de que ele não teria lido a proposta dos EUA para encerrar a guerra.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, recebeu em Downing Street o presidente ucraniano, o chanceler alemão, Friedrich Merz, e o presidente francês, Emmanuel Macron, para avançar nas negociações de paz.
Os aliados de Zelensky se reuniram na sequência de discussões entre representantes da Ucrânia e dos EUA em Miami, que não resultaram em avanços significativos.
Antes da reunião, Merz manifestou dúvidas sobre certos pontos dos documentos americanos. “Sou cético em relação a alguns detalhes que vemos nos documentos dos Estados Unidos, mas precisamos debater. Por isso estamos aqui”, afirmou.
Macron ressaltou que o principal desafio é alcançar um acordo comum entre os aliados europeus, a Ucrânia e os EUA, ressaltando que essa convergência é fundamental para concluir as negociações de paz e iniciar uma nova fase para a Ucrânia, a Europa e a segurança coletiva.
Zelensky concordou que algumas decisões importantes dependem tanto dos Estados Unidos quanto da Europa.
A questão territorial segue sendo o ponto mais difícil nas negociações, quase quatro anos após a invasão da Ucrânia pela Rússia. Um funcionário envolvido nas conversas afirmou que Putin não aceitará nenhum acordo se a Ucrânia não fizer concessões territoriais no Donbass, região no leste do país parcialmente ocupada por tropas russas.
Em coletiva de imprensa online, Zelensky destacou que o governo de Kiev não possui nem o direito legal, nem o moral de ceder territórios para a Rússia. “Nos perguntamos se devemos ceder territórios? Não temos nenhum direito legal para isso, conforme a legislação ucraniana, nossa Constituição e o direito internacional. E também não temos direito moral”, declarou.
Antes do encontro, Starmer afirmou que não pressionaria Zelensky para aceitar o acordo sugerido por Trump.
Os líderes também discutiram o uso dos ativos russos congelados na Europa para financiar a Ucrânia, embora a resistência da Bélgica, onde está a sede da Euroclear, esteja dificultando a questão. A Euroclear detém cerca de 244 bilhões de dólares em ativos russos, de um total de quase 274 bilhões na União Europeia.
Após o encontro em Londres, Zelensky se dirigiu a Bruxelas para se encontrar com o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, antes de seguir para a Itália.
Sobre as negociações com os EUA, Zelensky afirmou que teve uma conversa construtiva com os enviados de Trump, Steve Witkoff e Jared Kushner, durante as discussões em Miami sobre o plano americano. “A Ucrânia está comprometida em continuar trabalhando de forma honesta com a parte americana para alcançar uma paz verdadeira”, acrescentou.
Trump criticou Zelensky no domingo, afirmando estar decepcionado porque o presidente ucraniano não teria lido a proposta dos EUA.
O plano inicial dos EUA propunha que a Ucrânia cedesse territórios à Rússia em troca de garantias de segurança, mas foi rejeitado por Kiev por ser considerado muito favorável a Moscou.
Após revisões, os enviados de Trump viajaram a Moscou para apresentar a versão modificada ao presidente russo Vladimir Putin, que rejeitou partes da proposta e afirmou que ainda há muito a ser feito.
Zelensky informou que está trabalhando com os aliados na última versão do plano americano, e uma proposta revisada deve estar pronta para ser apresentada aos Estados Unidos na terça-feira.


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