Uma iniciativa da sociedade civil está transformando uma área desapropriada pela Prefeitura de São Paulo em Pinheiros, na Zona Oeste da capital, em uma praça com árvores da Mata Atlântica, conforme explicou o idealizador do projeto. A expectativa é a de que o Largo das Araucárias seja inaugurado em novembro deste ano.
O botânico Ricardo Cardim tem como trabalho e hobby encontrar locais que possa transformar em área verde. Por isso, em 2016, o terreno abandonado entre as ruas Paes Leme e Padre Carvalho lhe chamou atenção.
“Esse terreno estava abandonado havia muitos anos, cercado por tapumes e, apesar de abranger uma área de 600 m², com valor estimado em R$ 6 milhões, se tornou invisível para as milhares de pessoas que passam ali diariamente”, contou Cardim.
O botânico descobriu que o terreno abrigou um posto de gasolina e foi desapropriado há cerca de dez anos pela Prefeitura para a reforma do Largo da Batata. “E sobrou aquela área, como um retalho. Deixaram aquele terreno com uma camada de 20 cm de concreto, sem viabilidade de plantar uma árvore, sem qualquer permeabilidade”, conta Ricardo Cardim.
Ele acionou os amigos do coletivo “Novas Árvores por Aí”, idealizado pelo publicitário Nik Sabey, e o arquiteto Sérgio Reis, um “mecenas da natureza de São Paulo”, segundo as palavras do botânico, e deu início aos trâmites para a realização da praça.
A construção do Largo das Araucárias é também uma ação do projeto “Floresta de Bolso”, de Ricardo Cardim, que pretende criar cem pedaços da Mata Atlântica na capital paulista – 16 já foram criados.
Área abandonada possuía camada de 20 cm de concreto, sem qualquer permeabilidade (Foto: Divulgação/Ricardo Cardim)
O próximo passo foi entrar em contato com a Prefeitura para discutir a viabilidade de construir uma praça no local com recursos privados. Segundo Ricardo Cardim, o Prefeito Regional de Pinheiros, Paulo Mathias, os atendeu, apoiou, conseguiu a licença para a obra e forneceu caminhões para a remoção do entulho.
“A condição que a Prefeitura colocou era que o local estivesse apto a receber a população. Então, a Cetesb trouxe a assessoria técnica, comprovando que a área não está contaminada, embora tenha sido ocupada por um posto de combustível”, disse Cardim.
O terreno tinha três pilares de aço e a equipe decidiu mantê-los. “Ficará como uma marca, um símbolo da cidade, que já foi voltada para os carros e pode ser voltada para a qualidade de vida dos cidadãos”, justificou o botânico.
Ricardo Cardim conta que a região começou a se tornar comercial na década de 1940, quando depósitos e lojas foram construídas, se sobrepuseram às áreas verdes e tornaram a região árida.
O projeto prevê que a vegetação no local ajude a conservar uma temperatura agradável no entorno e proporcione outros benefícios, como a manutenção da umidade e a absorção do ruído. “Vamos usar espécies que atraem pássaros raros, espécies extintas na cidade. Também vamos refazer as calçadas, tornando-as acessíveis, e haverá bancos para apenas dez pessoas porque a ideia é que seja um local de passagem agradável para os pedestres”, explica.
A nova praça de Pinheiros terá cerca de 25 espécies nativas diferentes, entre elas, a araucária, que ocupava o bairro antes da urbanização. O espaço se chamará Largo das Araucárias e deve ser inaugurado em meados de novembro. Quem quiser participar do plantio pode entrar em contato com a equipe através do Facebook.
Projeto básico do Largo das Araucárias, em Pinheiros, com inauguração prevista para novembro de 2017 (Foto: Divulgação/Ricardo Cardim)
Você precisa estar logado para postar um comentário Login