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Análise comportamental no combate a crimes complexos em São Paulo

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No estado de São Paulo, a Polícia Civil emprega diversas estratégias para resolver crimes violentos e enigmáticos. Uma dessas estratégias é o perfilamento criminal, método já consolidado em outros países, mas relativamente novo no Brasil. No DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa), foi criado um laboratório pioneiro que tem apresentando resultados promissores.

Fundado no ano anterior por Ivalda Aleixo, diretora do DHPP, o Núcleo de Análise Comportamental e Criminal (NACC) conta com psicólogos, peritos, investigadores e delegadas. A equipe investiga cenas de crimes graves e analisa o comportamento dos suspeitos para apoiar as investigações.

O que é perfilamento criminal

O combate aos crimes considera três elementos principais: autor, local do crime e vítima. A análise comportamental busca entender minuciosamente cada um desses elementos para solucionar os casos, segundo Ivalda Aleixo, que destaca a importância de compreender a vítima.

Lucas Martins, criminólogo e investigador, explica que o perfilamento teve origem há cerca de 50 anos, tendo diferentes abordagens ao redor do mundo. No DHPP, a análise foca no comportamento dos envolvidos no crime.

“O perfilamento tem como objetivo entender as atitudes do autor, a vitimologia, e o comportamento no local do crime”, diz Lucas Martins. Essa técnica ajuda a filtrar suspeitos, agilizando e aprimorando as investigações.

Luciana Anjos Terriblli, delegada e coordenadora do núcleo, informa que os analisados passam por avaliações psicológicas. O psicólogo criminal Christian Costa auxiliou na implantação do núcleo e em seu estágio inicial, o grupo reabriu um caso antigo para aplicar a técnica, revisando o inquérito e construindo um perfil do suspeito.

Aplicações e avanços do núcleo

A técnica de perfilamento pode ser utilizada não apenas em suspeitos, mas também em testemunhas e vítimas, inclusive crianças. O núcleo dispõe de uma sala especial para entrevistas com menores.

A diretora Ivalda Aleixo informa que o método é especialmente usado em casos de abuso contra crianças e adolescentes nas divisões de homicídios e proteção à pessoa.

O objetivo a longo prazo é ampliar o Núcleo de Análise Comportamental e Criminal e incorporar novas ferramentas tecnológicas.

Casos exemplares solucionados

O perfilamento foi fundamental para desvendar que o assassinato da professora Fernanda Bonin não se tratava de um latrocínio, mas uma emboscada premeditada, revelando a participação da ex-esposa na contratação dos assassinos.

No caso da estudante Bruna Oliveira, a análise apontou características do autor como possível predador sexual e morador da zona leste de São Paulo, facilitando seu deslocamento pela região.

Em outro exemplo, o núcleo analisou um suspeito no assassinato do empresário Adalberto Amarilio Junior, que após a análise foi considerado testemunha. A investigação indicou cinco seguranças como principais suspeitos, com indícios de manipulação de dados digitais.

Em 2024, a equipe também investigou a morte de dois homens homossexuais que conheceram um assassino em série via aplicativo. A análise comportamental indicou características do criminoso e o modus operandi comum nos casos, mesmo sem saber inicialmente sua identidade.

Esses exemplos mostram como a análise comportamental une forças com a investigação tradicional, oferecendo um suporte valioso para a resolução de crimes complexos.

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