Anestesista francês condenado por envenenar pacientes

A Justiça da França sentenciou nesta quinta-feira (18) um anestesista à prisão perpétua pela acusação de ter envenenado 30 pacientes, resultando na morte de 12 deles, numa suposta tentativa de prejudicar seus colegas de trabalho.

Frédéric Péchier, 53 anos, atuava como anestesista em duas clínicas na cidade de Besançon, no leste da França, entre 2008 e 2017, período em que diversos pacientes sofreram paradas cardíacas em situações suspeitas.

Dentre as vítimas fatais, a mais jovem tinha quatro anos e faleceu durante uma cirurgia de amígdalas, enquanto a mais idosa havia completado 89 anos.

A presidente do tribunal de Besançon, Delphine Thibierge, declarou ao acusado: “Você será preso imediatamente”. Frédéric Péchier compareceu ao julgamento em liberdade nos mais de três meses de processo e recebeu a sentença sem demonstrar emoção.

A família do anestesista, que sempre o apoiou, estava presente durante a audiência. Após o anúncio dos veredictos, as filhas dele saíram do local chorando.

O tribunal atendeu à recomendação do Ministério Público, que pediu a prisão perpétua para Frédéric Péchier, destacando-o como “um dos maiores criminosos da história por usar a medicina como meio para matar”.

Além disso, foi determinado um período de 22 anos em que o condenado não poderá solicitar liberdade condicional.

Os defensores do anestesista informaram que pretendem recorrer da decisão.

Frédéric Péchier sempre afirmou sua inocência e, em sua última declaração na segunda-feira, repetiu: “Não sou um envenenador”.

Conforme o Ministério Público, ele adulterou bolsas de infusão com potássio, anestésicos locais, adrenalina e heparina para provocar paradas cardíacas ou hemorragias em pacientes atendidos por outros profissionais.

O objetivo do réu seria “desestabilizar emocionalmente” seus colegas com quem mantinha conflitos e satisfazer sua vontade de poder, segundo a acusação.

Este caso ocorreu poucos meses após a condenação de 20 anos do ex-cirurgião Joël Le Scouarnec, que confessou ter abusado sexualmente ou violentado quase 300 pacientes, principalmente crianças, entre 1989 e 2014.