Um novo estudo publicado na revista Nature Geoscience mostra que oceano Antártico perdeu uma área de 1.463 quilômetros quadrados de gelo submarino entre 2010 e 2016, o equivalente à área de Londres.
Pela primeira vez, os pesquisadores do Centro de Observação Polar e Modelagem da Universidade de Leeds, no Reino Unido, conseguiram dimensionar com precisão a perda que ocorre nas plataformas de gelo no fundo do mar.
A península Antártica é um dos lugares de aquecimento mais rápido no planeta. As temperaturas na costa oeste subiram cerca de 2,9 graus Celsius (ºC) nos últimos 60 anos, cerca de três vezes a média global, enquanto as temperaturas da superfície do mar subiram mais de 1ºC.
“A Antártica está derretendo em sua base. Nós não podemos ver esse processo porque está acontecendo abaixo da superfície do mar”, disse o professor Andrew Shepherd, um dos autores do estudo, ao jornal britânico The Guardian.
A equipe produziu o primeiro mapa completo mostrando que a borda submarina das geleiras, também chamada “linha de aterramento”, está mudando. Ela representa o limite entre a geleira e seu apoio sobre o leito marinho.
As linhas de aterramento são um indicador-chave da instabilidade do manto de gelo, porque as mudanças em sua posição refletem o desequilíbrio com o oceano circundante e afetam o fluxo do gelo interno. Registros desse processo são importantes para os cientistas avaliarem a escala do desequilíbrio.
O estudo indica que o recuo da linha de aterramento foi extremo em oito dos 65 maiores glaciares da região. O ritmo do degelo desde a última era glacial é de aproximadamente 25 metros por ano. O recuo da linha de aterramento nessas geleiras é cinco vezes maior que essa taxa.
Os pesquisadores também identificaram comportamentos inesperados no gelo marinho. Embora o recuo da linha de aterramento da geleira Thwaites na Antártica Ocidental tenha acelerado, na geleira vizinha de Pine Island – até recentemente uma das que mais recuou no continente – não houve mudança. Isso sugere que o derretimento do gelo subterrâneo pode ter parado nessa área.
Segundo os cientistas, essas diferenças enfatizam a natureza complexa da instabilidade das camadas de gelo em todo o continente, e a capacidade de detectá-las ajuda os cientistas a identificar as áreas que merecem mais investigação.
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