Antártida derrete rápido como o Ártico

Os impactos do aumento da temperatura na Antártida, com o degelo acelerado e o derretimento do gelo oceânico, estão se tornando cada vez mais parecidos com os fenômenos observados no Ártico. Esse processo pode gerar efeitos adversos no nível do mar, alertaram pesquisadores da Dinamarca nesta sexta-feira (3).

Ruth Mottram, cientista do Instituto Meteorológico Dinamarquês (DMI), afirmou em nota: “Até pouco tempo, a Antártida era considerada mais estável que o Ártico, mas hoje essa situação mudou”.

“O gelo do mar está diminuindo, as temperaturas estão subindo, os fluxos dos glaciares estão aumentando e a água proveniente do degelo está invadindo as fendas do gelo, acelerando seu deslocamento para o mar”, explicou Mottram.

“Isso é motivo de preocupação, pois as massas de gelo do hemisfério sul têm um grande potencial para elevar o nível do mar em nossas regiões nórdicas”, complementou a pesquisadora, que também é coautora de um estudo publicado na revista Nature Geoscience sobre a “groenlandização da Antártida”.

Os cientistas basearam suas conclusões em observações feitas por satélites e em modelos climáticos. O termo “groenlandização” ajuda a compreender e antecipar as mudanças no ambiente antártico usando a experiência adquirida com as transformações bem analisadas na Groenlândia.

“A Groenlândia funciona como um laboratório para entendermos os processos semelhantes na Antártida”, enfatizou Mottram.

O estudo observa que a camada de gelo antártica é um ambiente bastante dinâmico, influenciado por variações regionais na atmosfera e no oceano, mais parecido com a Groenlândia do que se pensava anteriormente.

Em caso de derretimento total da camada de gelo da Groenlândia, os oceanos poderiam subir aproximadamente sete metros. Se o mesmo acontecesse na Antártida, a elevação do nível do mar ultrapassaria os 50 metros, segundo o DMI.