Mundo
Antibiótico mostra ação contra bactérias em tempo real

Registros feitos por cientistas revelam detalhes da ação da polimixina B sobre bactérias. As imagens, capturadas em momentos distintos, mostram como esse medicamento consegue fazer a bactéria perder sua camada protetora externa, permitindo que ele penetre nela.
O estudo, publicado na revista Nature Microbiology, foi realizado por pesquisadores da University College London (UCL) e do Imperial College London, no Reino Unido. Utilizaram a técnica de microscopia de força atômica, que utiliza uma pequena agulha para mapear a superfície das bactérias.
Carolina Borrelli, doutoranda em biofísica e microbiologia na UCL e coautora do estudo, comentou: “Foi impressionante observar em tempo real como o antibiótico afeta a superfície bacteriana”.
As polimixinas, descobertas em 1947 e divididas em cinco variações, são uma das principais armas contra bactérias gram-negativas, que têm duas membranas ao redor da célula, como as espécies E. coli e Salmonella.
Normalmente, as polimixinas são usadas quando as bactérias resistem a outros antibióticos. Embora seu efeito fosse conhecido, a maneira como deslizam pela camada protetora dupla das bactérias gram-negativas não era totalmente compreendida.
Bart Hoogenboom, biofísico da UCL e coautor do trabalho, ressaltou a importância da pesquisa: “As polimixinas são vitais contra bactérias gram-negativas causadoras de infecções graves e resistentes. Entender seu funcionamento é crucial”.
A equipe acompanhou em tempo real que as polimixinas fazem a E. coli desenvolver pequenas protuberâncias em sua membrana externa. Com o crescimento dessas estruturas, a parede protetora se rompe, abrindo brechas por onde o antibiótico invade e elimina a célula.
Carolina Borrelli explicou: “Nossas imagens mostraram claramente que as polimixinas comprometem a proteção das bactérias. É como se fossem forçadas a construir a parede externa tão rápido que ela acaba se rompendo, permitindo a entrada do medicamento”.
É importante destacar que essa ação eficaz ocorre somente em bactérias que estão ativas. Quando estão em estado dormente, as bactérias não conseguem desenvolver a membrana necessária para que o antibiótico provoque o efeito de destruição.
Bart Hoogenboom apontou para os próximos passos: “Nossa meta é aproveitar esse conhecimento para melhorar a eficácia dos antibióticos. Uma possível estratégia seria combinar o uso das polimixinas com tratamentos que induzam a produção da camada protetora ou que estimulem bactérias dormentes para que seja possível eliminá-las”.

Você precisa estar logado para postar um comentário Login