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Anvisa libera Wegovy para tratar gordura no fígado com inflamação
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou nesta segunda-feira (15) uma nova indicação para o medicamento Wegovy (semaglutida 2,4 mg). Agora, o uso do remédio é permitido para tratar a gordura no fígado acompanhada de inflamação, conhecida como esteatohepatite associada à disfunção metabólica (MASH), em adultos que apresentam fibrose de moderada a avançada, desde que não tenham cirrose hepática.
A condição de gordura no fígado, chamada esteatose metabólica, afeta pelo menos 30% da população mundial e está fortemente ligada ao sobrepeso e à obesidade — estima-se que oito entre dez pessoas com excesso de peso tenham esse problema.
Além de aumentar o risco de doenças cardiovasculares, a esteatose pode evoluir para esteatohepatite com inflamação, que é uma condição inflamatória grave ligada ao sobrepeso e à obesidade. Se não diagnosticada e tratada corretamente, pode resultar em cirrose e na necessidade de transplante de fígado.
A aprovação pela Anvisa foi baseada nos dados do estudo de fase 3 ESSENCE, que demonstrou que, após 72 semanas, 63% dos pacientes tratados com Wegovy tiveram resolução da inflamação hepática, em comparação com 34,3% no grupo que recebeu placebo. Além disso, 37% dos pacientes que usaram o medicamento apresentaram melhora na fibrose do fígado, frente a 22,4% do grupo placebo. Um terço dos pacientes atingiu ambas as melhorias simultaneamente: redução da inflamação e melhora na fibrose.
Priscilla Mattar, endocrinologista e vice-presidente da área médica da Novo Nordisk no Brasil, destacou em comunicado: “Esta aprovação representa um avanço importante para o tratamento da gordura no fígado no Brasil, uma doença silenciosa e séria, relacionada diretamente à epidemia de obesidade. Até então, as opções para impedir a progressão da doença eram limitadas. Dispor de uma terapia que consegue não apenas eliminar a inflamação em mais de 60% dos pacientes, mas também melhorar a fibrose hepática, é um progresso que pode transformar o panorama do tratamento.”
A esteatohepatite associada à disfunção metabólica (MASH) é uma doença metabólica grave e progressiva, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura no fígado e por um processo inflamatório que compromete as células hepáticas. Esse acúmulo gorduroso geralmente está ligado a alterações metabólicas decorrentes do excesso de peso, obesidade, resistência à insulina e outros fatores ligados à saúde cardiovascular, causando estresse celular e inflamação, que com o tempo podem gerar fibrose.
Sem diagnóstico precoce e tratamento adequado, MASH pode evoluir para cirrose hepática e pode ser fatal. Estima-se que mais de 250 milhões de pessoas no mundo vivem com essa condição, e os casos em estágios avançados tendem a dobrar até 2030. Muitas pessoas com MASH apresentam poucos sintomas nos estágios iniciais, o que dificulta o diagnóstico precoce. O risco de evolução para doenças hepáticas sérias, incluindo câncer de fígado, além do aumento no risco de infarto, AVC e morte por causas cardiovasculares, é maior em indivíduos com MASH comparado à população geral.

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