Economia
Apagão revela falhas nas linhas de transmissão, diz Magda Chambriard

Magda Chambriard, presidente da Petrobras, ressaltou a necessidade de aumentar os investimentos nas linhas de transmissão brasileiras após o apagão que atingiu todas as regiões do país durante a madrugada desta terça-feira. Ela descreveu o evento como significativo.
De acordo com ela, as linhas de transmissão enfrentam um atraso enorme em relação ao licenciamento ambiental. Magda destacou que o Plano Decenal de Expansão de Energia 2034, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), prevê investimentos de R$ 128 bilhões em novas linhas de transmissão até 2034, totalizando mais de 25 mil quilômetros. Para ela, 70% das obras pendentes estão aguardando licenças ambientais.
“Enfrentamos grandes desafios. Não é possível discutir eletrificação, data centers ou transição energética sem falar das linhas de transmissão. Quem financiará esses investimentos? Quem concederá as licenças? Sem essas estruturas, não há eletricidade. Esta noite, houve um apagão significativo, que normalmente ocorre nas extremidades do sistema, regiões onde a instabilidade é maior e há mais dificuldades. Precisamos focar nessas áreas”, afirmou Magda.
Margem Equatorial
Em evento na Firjan, no Centro do Rio, para marcar seu retorno ao Conselho Empresarial de Petróleo e Gás da Firjan, Magda defendeu o desenvolvimento da Margem Equatorial. A Petrobras espera a decisão final do Ibama para começar a perfuração do primeiro poço exploratório na Bacia da Foz do Amazonas.
“Desenvolver a Margem Equatorial brasileira não conflita com os objetivos da COP30. Se queremos melhorar as condições climáticas e sociais, é possível conciliar esses interesses”, destacou.
Incentivos para o Norte Fluminense
Magda também solicitou mais incentivos para o Norte Fluminense, região que concentra a produção de petróleo do pós-sal brasileiro. Ela apontou que a recente alteração feita pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) na metodologia do preço de referência do petróleo não considerou as características específicas do óleo extraído em cidades como Macaé, Campos e São João da Barra.
A ANP atualizou a metodologia para refletir mudanças no mercado internacional, valorizando mais os petróleos leves e com baixo teor de enxofre, beneficiando os petróleos do pré-sal. Contudo, isso prejudica áreas com petróleo mais pesado ou com maior teor de enxofre, que acabam recebendo preços menos competitivos.
“O preço de referência ainda não contempla um fator vital, que é o apoio ao Norte Fluminense, palco do pós-sal. Esta região produz óleo pesado, oriundo de uma bacia madura, que necessita de suporte”, explicou.
Segundo ela, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) determinou a criação de incentivos para campos maduros, especialmente no Norte Fluminense.
“A ANP fez uma resolução para identificar campos maduros, mas deixou de estabelecer os incentivos necessários. Isso precisa avançar. Há dificuldades reais para garantir investimentos nessa região, que não deve ser esquecida. Existem projetos em andamento, com infraestrutura instalada e operando. Se perdermos esse foco, deixaremos de gerar produção, receita, empregos e desenvolvimento. O Norte Fluminense é essencial”, concluiu.

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