Mesmo diante da crise hídrica, o Ministério da Justiça usa 10 mil litros de água por dia – considerado o volume suficiente para abastecer uma família de quatro pessoas durante um mês no Distrito Federal – só para manter em funcionamento as cascatas que correm por calhas de concreto do lado de fora do prédio. Responsável pelo abastecimento do DF, a Caesb afirma que 292,8 mil imóveis (ou 45,76% dos consumidores) usam menos que esse volume por mês.
Na segunda-feira (7), a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento (Adasa) anunciou que até o fim desta semana 88% dos moradores do DF devem ser submetidos a um regime de racionamento de água. O motivo é a atual crise hídrica e a medida não tem prazo de duração. Maior reservatório que abastece a capital, o Descoberto começou esta quinta (10) com 20,07% da capacidade máxima – o nível de restrição começa abaixo de 20%.
Ao G1, o ministério informou que passam pela cascata uma média de 150 mil litros a cada 15 dias. A água vem diretamente da rede da Caesb. Para a pasta, no entanto, não existe desperdício porque o que abastece o espelho d’água também serve para irrigar as plantas localizadas no entorno do prédio e para o sistema dos hidrantes. “Inclusive removemos os peixes que existiam no local como forma de economizar água.”
Para garantir o bom uso da água, o Ministério da Justiça afirma elaborar relatórios mensais com os resultados das medições diárias, que servem para encontrar alguma anomalia nos níveis de consumo. Se algo suspeito for notado, “a equipe de manutenção é acionada e realiza uma varredura em busca de vazamentos”.
O ministério também afirma que está fazendo um levantamento das torneiras instaladas nos banheiros e vestiários do prédio para trocar por outras mais econômicas, com fechamento automático. O Palácio da Justiça foi idealizado pelo arquiteto Oscar Niemeyer em 1957.
Tribunal Regional Eleitoral
O Ministério da Justiça não é o único prédio de Brasília a manter uma cascata artificial. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) também tem uma estrutura do tipo, que está atualmente desligada para manutenção anual programada. Segundo o tribunal, a água vem da captação da chuva e é “realimentada”.
A Corte eleitoral também afirmou ter trocado torneiras para evitar desperdício e aumentando vistoria diária para evitar vazamentos. “Os chuveiros dos vestiários não são utilizados, não há mais lavagem das garagens e elas apenas são varridas para limpeza”, mencionou o órgão.
Torre de TV
Mesmo com a determinação de evitar o desperdício de água, a Secretaria de Turismo optou por não desligar completamente a fonte da Torre de TV. De acordo com a pasta, a interrupção total não foi cogitada porque “se a água se mantém parada nos equipamentos, ocorre o processo de calcificação, podendo acarretar danos às bombas e, consequentemente, prejuízo ao governo”.
Outro motivo apresentado é a importância turística da Torre de TV. Segundo a secretaria, é o segundo monumento mais procurado por turistas em Brasília (atrás do templo da Legião da Boa Vontade). A média de visitas na torre é de até 12 mil pessoas por semana, informou a pasta.
Atualmente, a fonte funciona de terça a sexta-feira, às 18h30, 19h30 e 20h30, sendo 30 minutos funcionando e outros 30 desligada – totalizando 90 minutos por dia. Aos sábados, domingos e feriados, às 10h, 12h, 14h e 16h – sendo alternadamente 15 minutos em funcionamento e 30 minutos de intervalo desligada.
Segundo a secretaria, o circuito fechado da fonte recicla toda a água movimentada. Os custos são apenas para repor a água que pode evaporar, diz a secretaria. A capacidade dos equipamentos é de 7,5 milhões de litros por hora.
Fonte do Buriti
Localizada em frente à sede do governo do DF, a fonte da Praça do Buriti está desligada há mais de um ano por falta de recursos financeiros. “Desde então, a Novacap tem mantido apenas uma lâmina d’água, suficiente para evitar rachaduras no local, e ainda realiza a manutenção e limpeza para evitar a contaminação da água sempre que necessário”, afirma o governo.
Para garantir a economia no Palácio do Buriti, a Casa Militar afirma que vai implementar uma série de medidas, que envolvem o fim de lavagem dos pisos com mangueira, o uso racional de água para lavar utensílios na copa, avisos nos banheiros para economizar água, medidas para diminuir a lavagem de carros e a lavagem da garagem só uma vez no lugar de duas por mês. A irrigação de plantas no jardim externo, que era feita todo dia, agora só deve ocorrer três vezes por semana.
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