Conecte Conosco

Tecnologia

Apesar dos esforços, WhatsApp não consegue conter as “fake news”

Publicado

em

Aplicativo de mensagens é usado para propagar notícias falsas porque histórico não é público ou de longo prazo

As fake news – ou notícias falsas – se propagaram pelos aplicativos de mensagens, especialmente em grupos do WhatsApp, durante o primeiro turno nas eleições de 2018. No segundo turno, isso não deve ser diferente.

Diferentemente de outros aplicativos, o WhatsApp tem codificação de mensagens ponta a ponta. Só quem envia e quem recebe tem acesso ao conteúdo das mensagens, e ninguém mais–nem mesmo a empresa. Apesar de ter tomado uma série de medidas, como limitar o número de mensagens encaminhadas de uma só vez, a sinalização de que um conteúdo é replicado a partir de outra conversa e o apoio a entidades de checagem de notícias, o app não fez o suficiente para conter as fake news entre seus usuários, na avaliação de especialistas.

André Miceli, professor da Fundação Getúlio Vargas, lembra que, no conceito de pós-verdade, quem diz é tão importante quanto o que é dito. “Se existissem mecanismos para julgar mensagens, como denunciar mensagens, poderia haver uma contabilização e o algoritmo do WhatsApp poderia barrar aquele conteúdo. As pessoas precisam fazer uma função que antes era a do repórter: verificar as informações. As ferramentas precisam oferecer um espaço para as pessoas exporem suas observações e julgamentos sobre notícias”, disse Miceli, em entrevista a EXAME.

A sugestão de uma ferramenta que permite denúncia de spam ou de conteúdo malicioso é ecoada por Sérgio Lüdtke, editor do Comprova – projeto que reúne 24 veículos de mídia brasileiros no combate às notícias falsas, entre os quais fazem parte EXAME e VEJA, da Editora Abril. “O problema é que o brasileiro acredita muito no que recebe dos amigos, e o boca a boca é muito efetivo no Brasil. As pessoas se fecham em bolhas insalubres”, afirmou Lüdtke.

O Brasil é o segundo país do mundo onde as pessoas mais se informam pelo WhatsApp, de acordo com o estudo Digital News Report, de 2017. A pesquisa aponta que 46% dos brasileiros dizem usar o aplicativo como fonte de informação.

Procurado pela reportagem da EXAME, o WhatsApp não quis comentar sua atuação no segundo turno das eleições presidenciais brasileiras para evitar a distribuição de notícias falsas.

Exemplo da China

Um exemplo de ferramenta que pode ajudar no combate às notícias falsas vem da China. O aplicativo de mensagens WeChat, popular entre os chineses, passou a exibir um aviso de “rumor” nas mensagens trocadas entre os usuários, quando elas são falsas. Para fazer isso, o WeChat conta com o auxílio de grupos de checadores de fatos que analisam mensagens com conteúdo suspeito.

No Brasil e no mundo, o WhatsApp apoia grupos de checagem como o Comprova para a verificação de notícias verdadeiras ou falsas, mas estas medidas não têm sido suficiente para impedir a disseminação das mensagens.

Ainda assim, como as atualizações de aplicativos são globais, há pouca chance de o WhatsApp tomar medidas mais drásticas contra fake news no curto prazo mirando apenas o Brasil. Ou seja, a cena da véspera do primeiro turno, marcada pelas notícias falsas em apps de mensagens, deve se repetir.

Clique aqui para comentar

Você precisa estar logado para postar um comentário Login

Deixe um Comentário

Copyright © 2024 - Todos os Direitos Reservados