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Após aprovação da Previdência, congressistas cobram liberação de emendas

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Relação do governo com o Congresso pode piorar se o Executivo não liberar cargos nos estados e verbas prometidas a congressistas

(foto: Alan Marques/Folha Imagem)

O relacionamento do presidente Jair Bolsonaro com o Congresso pode voltar a azedar agora que a reforma da Previdência vai à promulgação. Nas contas de líderes partidários, o Planalto prometeu destinar R$ 3 bilhões em emendas parlamentares para pouco mais de 210 congressistas aprovarem as mudanças nas aposentadorias, mas boa parte dos recursos ainda não foi liberada no orçamento federal. Um desses líderes reclamou da postura do governo. Não quis falar em pautas-bombas, que poderiam trazer prejuízos financeiros aos cofres públicos, mas deixou claro que há uma insatisfação entre os deputados.

“Esse é um dos motivos de a Comissão Mista Parlamentar de Inquérito das Fake News estar indo para frente”, afirmou, em referência à decisão tomada pela comissão, na quarta-feira, de convocar assessores próximos de Bolsonaro para prestarem esclarecimentos sobre o suposto uso da estrutura do Palácio do Planalto para a difusão de notícias falsas.

Ex-líder do PSL na Câmara e destituído do cargo por Eduardo Bolsonaro (SP) e outros correligionários do presidente da República, o deputado Delegado Waldir (GO) já havia criticado o Planalto por não cumprir promessas. Sobre a reforma da Previdência, ele foi curto e severo. Primeiro, disse que o mérito da aprovação do projeto não é do governo, mas do parlamento. Depois, afirmou que há riscos de votações em projetos de interesse do Executivo não acontecerem.

“O governo vai ter que pagar as emendas, ou param as votações nas duas casas legislativas. Se você faz compromisso, tem que honrar. O governo fez compromisso. Alguns parlamentares receberam. Mas muita gente não recebeu”, disse.

Líder do PL e articulador importante entre os deputados de centro, Wellington Roberto (PB) minimizou a possibilidade de crise. Na visão do parlamentar, é questão de tempo até que o governo cumpra os compromissos. Questionado sobre possíveis pautas-bombas, ele ironizou: “Pauta-bomba quem inventa é o governo. Temos responsabilidade com o Brasil. Vamos continuar trabalhando, independentemente da relação com o Executivo”.

Segundo o líder do PL, o governo “tem liberado alguma coisa e procurado soluções para cumprir o que a lei manda”. “Nesse aspecto, pelo menos a curto prazo, não tenho visto insatisfação”, ponderou. De acordo com Wellington Roberto, a insatisfação maior seria com a demora nas indicações de cargos regionais para os partidos. “Isso é uma coisa que ocorre em todos os governos. O Executivo tem atendido, mas de forma morosa. E os deputados têm cobrado. Mais cedo ou mais tarde, o governo vai ter que atender”, avaliou.

O deputado Luís Miranda (DEM-DF), falou abertamente ao Correio sobre a insatisfação com a demora na liberação das emendas. “Os parlamentares fizeram projetos para investir a verba, e o presidente não cumpriu. Ele disse que eu teria R$ 20 milhões em emendas. Destinei para a Escola do Futuro, para informatizar salas de aula, substituir livros de papel por digitais”, explicou. “Ele (Bolsonaro) não pagou até agora.”

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