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Após retirar bolsa de colostomia, Pedro é recebido com festa em escola do DF
Menino comemora 5 anos nesta sexta; brincadeiras como correr e jogar futebol voltam a fazer parte da rotina. Volta às aulas está sendo ‘aos poucos’, diz pai.
Pedro, o menino que esperou quase dois anos para retirar uma bolsa de colostomia que carregava junto ao corpo, voltou à escola depois de se recuperar da cirugia e foi recebido com uma festa pelos colegas e pela professora. O menino faz aniversário de 5 anos nesta sexta-feira (7) e ganhou de presente um cartaz que dizia “Pedro Rafael, nós te amamos”.
“Ele está radiante. Ficou muito feliz por ter ido rever os coleguinhas da escola”, disse o pai sobre a visita de Pedro à escola nesta quinta-feira (6). Sem restrições de brincadeiras como antes, ele voltou a andar de bicicleta, correr e jogar bola sem medo de se machucar.
“É muito significativo que nosso filho esteja bem, fazendo tudo o que uma criança normal pode fazer”, disse. “Hoje ele vai ficar em casa e vamos fazer um bolinho no final do dia pra comemorar.”
Além das brincadeiras diárias, o sonho de Pedro de entrar na piscina, segundo Fabrício, está a poucos meses de se realizar. O menino aguarda a chegada da irmã mais nova, que deve nascer até agosto, segundos os médicos da família. “Ele fica falando com ela na barriga da mãe e diz que, quando nascer, ele que vai cuidar dela.”
“Depois que ela nascer, nós vamos pra Caldas Novas a convite de uma pessoa que vai oferecer o apartamento.”
A convivência com os “coleguinhas” de turma, no entanto, ainda vai ter que esperar mais alguns dias. Segundo Fabrício, o filho está voltando às aulas aos poucos, porque ainda tem dificuldades para controlar o intestino e precisa usar fraldas.
“Como ele ficou muito tempo esperando [pela cirurgia], é como se fosse uma criança de meses, que não tem muito controle do intestino”, disse. “Às vezes ele sente uma dorzinha de barriga e nós [Fabrício e a mulher] ficamos assustados olhando pra cara um do outro. Ele acha que é a ‘estominha’, mas nós explicamos que a bolsa já foi.”
“Ele diz que a ‘estominha’ está dentro dele hoje.”
Depois da cirurgia, realizada em 18 de maio, o menino teve de ficar 20 dias em repouso para que os pontos cicatrizassem. Durante este período, não só a alimentação era limitada, mas as brincadeiras também.
A cirurgia só foi possível depois que um casal do Rio de Janeiro doou o equipamento que estava em falta na rede pública do DF. Enquanto o menino aguardava a cirurgia, a família precisou adaptar brincadeiras e tomar cuidados dobrados na hora do lazer e até mesmo na escola.
Após o procedimento, Pedro passou 20 dias em recuperação, para que os pontos cicatrizassem. Neste período, teve de evitar alimentação pesada e seguir uma dieta saudável e laxativa – aquela rica em fibras, que ajuda a regularizar o funcionamento do intestino. Na hora de brincar, o menino ainda teve de tomar cuidado com os pontos.
Relembre o caso
A bolsa de colostomia foi implantada em junho de 2015 para corrigir uma malformação que obstruía o sistema digestivo de Pedro e deveria ser retirada de cinco a seis meses depois. Mas mesmo com duas decisões judiciais favoráveis ao menino, a Secretaria de Saúde não disponibilizou o material necessário para que ele fosse operado.
Em fevereiro, a Secretaria de Saúde informou que a compra do grampeador linear estava “em andamento” e que o procedimento seria agendado assim que o equipamento estivesse disponível. No dia 3 de maio, a pasta disse que não havia prazo para a compra do grampeador e, por isso, não havia como prever uma data para a cirurgia do menino.
“O grampeador linear não é um material disponível em estoque na Secretaria de Saúde. O processo de compra foi autuado e encaminhado ao Núcleo de Judicialização para providências quanto à compra. O procedimento só poderá ser realizado após a aquisição”, informou a secretaria.
Um casal carioca procurou o Hospital de Base para fazer a doação, mas foi tratado com descaso pela então gerente de medicina cirúrgica, Márcia Amorim.
Na troca de mensagens, o casal recebeu como resposta que não poderia fazer doação para “paciente específico”, apenas para o primeiro da fila de espera para a cirurgia. Os doadores questionaram, então, quantos pacientes estavam na fila e Márcia respondeu que não tinha “a menor ideia”. A gerente chegou a perguntar “em que planeta” eles viviam.
Cerca de uma semana depois de tratativas com a Secretaria de Saúde e com o fornecedor do grampeador linear, o casal conseguiu efetivar a doação no dia 9 de maio.
Após a divulgação das conversas trocadas entre o casal carioca e a então gerente de medicina cirúrgica do Hospital de Base, Márcia Amorim, o secretário de Saúde do Distrito Federal, Humberto Fonseca, assinou a exoneração da servidora. Ela segue atuando como médica na rede pública, por ser concursada
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