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Argentina investiga corrupção envolvendo aliados próximos a Milei

A polícia da Argentina realizou uma operação na última sexta-feira, 22, cumprindo mandados de busca e apreensão em mais de uma dúzia de residências e escritórios de alto padrão, entre eles a sede de uma agência nacional responsável pela concessão de benefícios para pessoas com deficiência. Esta ação marca uma escalada na apuração de um esquema de corrupção que pode atingir os conselheiros mais próximos do presidente Javier Milei, incluindo sua influente irmã, Karina Milei.
A operação foi ordenada pelo juiz federal Sebastián Casanello e teve como alvo 15 endereços na região de Buenos Aires e seus arredores. Essa investigação ganhou força após a divulgação de gravações de áudio, obtidas por veículos da imprensa local, nas quais o advogado pessoal do presidente, Diego Spagnuolo — que também chefiava a Agência da Pessoa com Deficiência — descreve um esquema de propinas relacionadas a contratos governamentais na área da saúde, que beneficiariam servidores públicos de alto escalão.
Uma fonte argentina com conhecimento dos fatos, que pediu anonimato por não estar autorizada a comentar publicamente o caso, detalhou as buscas à Associated Press.
Este não é o primeiro escândalo envolvendo o círculo próximo a Milei. No início do ano, a presidência já enfrentou polêmica após o apoio a uma criptomoeda chamada $LIBRA, que rapidamente valorizou e depois despencou, gerando múltiplas denúncias criminais por fraude.
Na sequência deste novo episódio, o governo de Milei afastou Spagnuolo na quinta-feira, após a divulgação das gravações nas quais ele relata subornos pagos por empresas farmacêuticas a Karina Milei, chefe de gabinete e principal assessora do presidente, para assegurar contratos de fornecimento de medicamentos para pessoas com deficiência.
As circunstâncias da gravação permanecem incertas. No áudio, apenas a voz de Spagnuolo é identificável, com ruídos ao fundo que sugerem que a conversa ocorreu em um café ou local público. Os demais participantes não são reconhecíveis.
O governo não confirmou a veracidade das gravações.
Em sua declaração, Spagnuolo acusa a empresa Suizo Argentina de pagar propina a Karina Milei por meio de um intermediário próximo, Eduardo “Lule” Menem. Ele também menciona que altos representantes do governo exigiam subornos de até 8% das farmacêuticas.
Ao admitir a saída de Spagnuolo, o governo não comentou o suposto esquema de suborno, atribuindo a divulgação das gravações a adversários políticos que buscam desestabilizar a campanha de Milei. A situação ocorre semanas antes das eleições de meio de mandato na Argentina, consideradas um importante aval à política rigorosa do presidente libertário.

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