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Ataque a sinagoga em Manchester causa mortes e feridos

Duas pessoas perderam a vida, e outras quatro ficaram gravemente feridas, na quinta-feira (2), fora de uma sinagoga cheia durante o feriado do Yom Kippur em Manchester, no norte da Inglaterra. O ataque resultou também na morte do suspeito.
A polícia da Grande Manchester informou que “duas pessoas foram assassinadas” da comunidade judaica, em frente à sinagoga localizada em Heaton Park, no bairro de Crumpsall. O incidente ocorreu quando um homem dirigiu seu carro contra pedestres que estavam do lado de fora do centro religioso, saiu do veículo e os atacou com uma faca.
As autoridades classificaram o ato como “terrorista” e confirmaram que o suspeito morreu após ser abatido pelas forças policiais. Houve temor inicial de que ele carregasse explosivos, aguardando a chegada da equipe de desarmamento.
O chefe da unidade antiterrorista de Londres, Laurence Taylor, comunicou duas detenções e afirmou que a identidade do autor é conhecida, embora mantenham sigilo por segurança.
Stephen Watson, chefe da polícia da Grande Manchester, informou que quatro vítimas permanecem hospitalizadas com ferimentos graves.
O ataque foi percebido por uma testemunha que alertou a polícia às 9h30 (horário local) após ver um carro atropelando pessoas e um homem sendo esfaqueado diante da sinagoga.
Uma testemunha relatou que os policiais dispararam contra o suspeito após ele não obedecer aos avisos. Outra testemunha, Chava Lewin, observou que o agressor tentou entrar na sinagoga enquanto atacava várias pessoas com a faca, mas que alguém conseguiu trancar a porta.
Reações oficiais
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, que se disse “horrorizado”, interrompeu sua viagem e convocou uma reunião emergencial do governo. Ele destacou que o Reino Unido deve combater o aumento do antissemitismo, que é um ódio antigo contra a comunidade judaica.
O rei Charles III expressou estar “profundamente chocado e triste” com o ocorrido.
O alto comissário das Nações Unidas, Volker Turk, também manifestou horror diante do ataque, afirmando que crimes contra comunidades religiosas são inaceitáveis.
Contexto e antecedentes
O ataque ocorreu no Yom Kippur, o feriado mais sagrado do judaísmo, quando muitos fiéis visitam as sinagogas para orar.
Este ato violento acontece próximo ao segundo aniversário do ataque do Hamas em Israel, que resultou em mais de mil vítimas, a maioria civis, e da subsequente ofensiva israelense em Gaza, que causou dezenas de milhares de mortos, segundo fontes oficiais e da ONU.
Aumento de incidentes antissemitas no Reino Unido
Manchester abriga uma comunidade judaica de cerca de 28 mil pessoas, conforme dados de 2021 do Institute for Jewish Policy Research.
O Reino Unido tem registrado crescimento nos ataques antissemitas nos últimos anos. Em 2025, foram reportados 1.521 incidentes nos primeiros seis meses, ainda que isso represente uma queda em relação ao recorde de 2.019 no primeiro semestre de 2024, após o conflito entre Hamas e Israel.
Apesar disso, os níveis continuam elevadíssimos, sendo o segundo maior registrado pela organização Community Security Trust (CST), que monitora esses episódios desde 1984.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, criticou as autoridades britânicas, acusando-as de falhar em controlar a crescente incitação antissemita e anti-israelense, bem como de permitir manifestações que incentivam o terrorismo no país.

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