Centro-Oeste
Atletas com Síndrome de Down mais rápidos do DF no mundo e no Brasil
O Distrito Federal é o lar de campeões extraordinários em modalidades esportivas que encantam e enchem a capital de orgulho. O reconhecimento internacional recebido pelos atletas do DF serve de inspiração para todos que desejam construir uma trajetória esportiva fundamentada na superação.
Pedro Henrique Lucena Bomfim, jovem de 22 anos, é reconhecido como o corredor com Síndrome de Down mais veloz do mundo nas provas de 100, 200 e 400 metros.
Priscilla Rodrigues Pires, de 28 anos, é a velocista com Down mais rápida do Brasil nas provas de 400 e 800 metros. Ambos residem no Distrito Federal e, além de suas medalhas, demonstram que o esporte é uma ferramenta poderosa de inclusão e desenvolvimento.
Eles treinam na Equipe de Atletismo da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais do DF (Apae-DF), sob a coordenação da treinadora e atleta Andrea Glaucy Davi Raulino, de 60 anos. Juntos, conquistaram cinco medalhas no Campeonato Mundial de Atletismo Virtus 2025, realizado em Brisbane, Austrália, entre 8 e 15 de outubro. A Virtus é a federação internacional dedicada ao desporto para pessoas com deficiência intelectual, incluindo transtorno do espectro autista (TEA) e Síndrome de Down.
Características e dedicação dos atletas
Segundo Andrea, Pedro destaca-se pela sua potência, garra e perfil competitivo, além da dedicação intensa aos treinamentos. Já Priscilla mantém um ritmo constante de velocidade, ideal para as distâncias de 400 e 800 metros.
Os familiares dos atletas também expressam orgulho e admiração pelos resultados alcançados. Gerson do Bomfim, assistente administrativo de 61 anos, pai de Pedro, e a bancária Mara Lucena Carneiro, de 54 anos, contam como Pedro encontrou na corrida uma paixão que o levou ao reconhecimento mundial.
“Ele sempre foi atleta, inicialmente jogava futebol. Não havendo times para pessoas com Síndrome de Down em Brasília, ele optou pela corrida. Quando ele saiu de casa, dizia que queria ser campeão mundial. Eu apenas desejava que ele competisse, mas ele se tornou um fenômeno”, relata o pai emocionado.
Gerson destaca a superação do filho frente às expectativas médicas e sociais. “Ele nasceu com necessidades especiais e os médicos pensavam que ele poderia nem caminhar. Ele mostrou que é capaz de tudo. Com amor e apoio, as crianças com deficiência dão o seu melhor”, completa.
A mãe de Priscilla, Maria Gorete Rodrigues Pires, de 70 anos, conta que a filha começou a correr após um teste na APAE em 2016. Desde então, o esporte transformou sua vida, ajudando-a a ganhar confiança, socializar e ser uma pessoa feliz e focada.
Desempenho no Campeonato Mundial de Atletismo Virtus 2025
No campeonato, Pedro bateu recordes mundiais nos 100, 200 e 400 metros, conquistando três medalhas de ouro. Priscilla ganhou a medalha de ouro nos 800 metros e bronze nos 400 metros.
Apesar dos desafios, incluindo deslocamento de longa duração e adaptação a um ambiente diferente, ambos mostraram grande determinação. A primeira prova para Pedro foi os 400 metros, onde quebrou o recorde mundial com 1 minuto, 6 segundos e 69 milissegundos, apesar do calor intenso.
Após um breve atendimento médico devido à queda de glicose, ele venceu os 100 metros com 13 segundos e 31 milissegundos e os 200 metros com 27 segundos e 30 milissegundos, também com recorde mundial, recebendo o título de melhor atleta masculino da categoria.
Priscilla, por sua vez, é recordista brasileira nos 400 metros com o tempo de 1 minuto e 37 segundos. Na Austrália, conquistou o bronze com 1 minuto e 42 segundos. Nos 800 metros, soltou seu ritmo e conquistou o ouro com 4 minutos e 20 segundos, próximo ao seu recorde nacional.
Importância do esporte e apoio recebido
Andrea expressou sua emoção com o desempenho dos atletas, destacando a experiência compartilhada durante as provas. Para ela, o esporte vai além da competição, envolvendo respeito pelo adversário e o aprendizado tanto com vitórias quanto com derrotas.
A equipe da APAE conta com o apoio da Universidade de Brasília (UnB), Secretaria de Educação do DF, Comando do Exército e academias privadas locais, ressaltando que o esporte é fundamental para diversos aspectos, como aliviar o estresse, melhorar a saúde cardiovascular, integração social e crescimento pessoal.
“Tenho o esporte na veia. Quando escrevo no treino dois tiros de 400 metros, sei exatamente o que eles estão sentindo”, conclui a treinadora com sua vasta experiência.


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