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Em Áudio, Paulo Octavio tenta impedir entrega de documento ao MP
Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça mostram o ex-governador Paulo Octavio (PP), preso na noite desta segunda-feira (2) acusado de participar de um esquema para liberação de alvará de construções irregulares, pedindo ao então administrador de Taguatinga, Carlos Jales, para não entregar ao Ministério Público os documentos do JK Shopping, de propriedade dele. Na gravação, ele diz que abriria o empreendimento com ou sem autorização.
Investigações da Polícia Civil apontam que o funcionamento do centro de compras foi autorizado mesmo com o empreendimento estando entre as obras que violavam normas urbanísticas. A defesa do político disse que não teve acesso ao teor do processo e por isso não poderia comentar o assunto. Jales não atendeu à ligação da reportagem.
Trechos de conversas entre Paulo Octavio e o ex-administrador de Taguatinga, gravadas com autorização judicial, revelam que o ex-vice-governador exercia influência no órgão.
Carlos Jales: A mulher mandou pegar seu processo lá na administração [regional de Taguatinga] agora.
Paulo Octavio: Mas não entrega, ué.
Carlos Jales: Uai, tem que entregar, ela está lá. Está levando tudo para o Ministério Público.
Paulo Octavio: Não, você não pode fazer isso. Como é que você vai agora aprovar o projeto?
Carlos Jales: Pois é. Como é que eu faço para brecar uma promotora?
Paulo Octavio: Você não entrega, ué.
A seguir, o ex-governador afirma que vai abrir o shopping de qualquer jeito.
Paulo Octavio: Eu vou inaugurar daqui a 30 dias, chova ou faça sol, certo? Então, fizemos tudo do melhor e do possível. Uma arquitetura maravilhosa. Botamos R$ 350 milhões em Taguatinga.
O JK Shopping foi inaugurado em novembro de 2013 e funciona com alvará provisório, concedido pela Justiça em caráter liminar. Em depoimento à polícia, um funcionário da Administração Regional de Taguatinga disse que a recomendação de Carlos Jales era não criar dificuldades para empreendedores. “Tem que ser feito tudo o que os empresários querem, porque quem paga os nossos salários são os empresários”, disse o funcionário em depoimento.
A investigação sobre o suposto esquema de corrupção envolvendo a liberação de alvarás foi realizada pela operação Átrio. O período investigado foi de novembro de 2011 a 2013. A operação resultou na prisão temporária do então administrador de Águas Claras, Carlos Sidney de Oliveira. Também foi pedida a prisão de Jales, que encontrava-se na época internado sob escolta policial no hospital particular Santa Marta.
Fonte: G1
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