Aumento da perseguição política na Venezuela, alerta missão da ONU

A perseguição política na Venezuela está crescendo, alertou nesta segunda-feira (22) uma equipe de especialistas nomeada pela ONU, destacando que a única chance de justiça para as vítimas depende de órgãos internacionais.

Marta Valiñas, líder da missão, comunicou à imprensa que o governo intensificou a repressão em momentos de crise política, como durante a posse presidencial em janeiro, implementando detenções em massa.

Patricia Tappatá Valdez, também membro da missão, enfatizou que, devido à influência do Executivo sobre o sistema judicial, as vítimas só podem contar com instâncias internacionais para obter justiça.

Em setembro de 2019, o Conselho de Direitos Humanos da ONU instituiu uma Missão Internacional Independente para investigar possíveis violações de direitos humanos na Venezuela.

A missão documentou pelo menos 200 detenções entre janeiro e agosto de 2015, e informou que em setembro pelo menos mais 14 pessoas foram detidas após a conclusão do relatório.

Após a reeleição contestada do presidente Nicolás Maduro, manifestações resultaram em 28 mortos, aproximadamente 200 feridos e mais de 2.400 presos, dos quais cerca de 2.000 já foram liberados, de acordo com dados oficiais.

Marta Valiñas afirmou que as provas coletadas indicam que crimes de perseguição política continuam a ocorrer sem que nenhuma autoridade nacional demonstre interesse em investigar ou punir esses atos.

O Tribunal Penal Internacional (TPI) investiga há anos supostos crimes contra a humanidade cometidos pelo governo de Maduro durante os protestos de 2017, que provocaram mais de 100 mortes.

Francisco Cox Vial, integrante da missão, comentou que a investigação do TPI demorou muito para avançar, ressaltando que as vítimas não podem continuar esperando.

A oposição reivindica vitória nas eleições presidenciais de julho de 2024 e acusa o governo de Maduro de manipulação eleitoral.