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Aumento da Selic reduz financiamentos imobiliários no DF

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O desejo de adquirir a casa própria tem sido postergado pelos moradores do Distrito Federal, principalmente no que diz respeito a financiamentos. Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) indicam que, ao comparar os primeiros sete meses de 2024 com o mesmo período de 2025, houve uma diminuição no número de imóveis financiados e no valor total financiado na capital federal.

De janeiro a julho de 2024, foram financiadas 7.681 unidades, enquanto no mesmo período de 2025 esse número caiu para 6.569, uma queda de 14,5%. Em termos financeiros, o montante financiado em 2024 foi de R$ 3.273.448.475, caindo para R$ 2.986.932.769 em 2025, uma redução de 8,75%.

Segundo Wesley Macan, planejador financeiro e CEO da Macan Estratégias Financeiras, essa redução está fortemente ligada ao aumento constante da taxa Selic, que influencia diretamente as linhas de crédito e torna o acesso a financiamento mais difícil. “Os recursos destinados pelas instituições financeiras para financiamentos imobiliários e de veículos ficaram mais caros, pois a Selic é usada como base para as taxas de juros praticadas”, explica.

Ele destaca ainda que a dificuldade para obtenção de crédito se revela no aumento do valor das parcelas e nas exigências de comprovação de renda. “As instituições financeiras normalmente requerem que o solicitante comprove uma renda de pelo menos três vezes o valor da parcela para aprovar o crédito com alienação fiduciária”, complementa.

Adalberto Cleber Valadão Júnior, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF), comenta que o aumento das taxas de juros e a perspectiva de estabilidade elevam o custo dos financiamentos imobiliários, limitando o acesso a menos pessoas. “Essa redução no volume de financiamentos bancários é uma consequência natural”, afirma. Ele ainda observa que as vendas via financiamento direto com construtoras ou à vista têm compensado essa queda.

Para João Carlos de Siqueira Lopes, vice-presidente da Indústria Imobiliária do Sinduscon-DF, é comum que o atual cenário econômico leve consumidores a adiar a compra de imóveis, esperando condições financeiras mais favoráveis.

Celestino Fracon Júnior, presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi-DF), destaca que, mesmo diante do aumento dos juros e das incertezas fiscais, o mercado imobiliário local mostra maturidade, com vendas fluindo e oferta em redução. “A casa própria permanece como um objetivo importante para a população e o mercado está preparado para atender essa demanda”, afirma. Com base nas recentes medidas econômicas, como a redução da taxa de juros pelo Banco de Brasília (BRB) para 10,50%, ele espera um ambiente positivo para o setor no segundo semestre.

Enquanto o financiamento imobiliário enfrenta dificuldades, outra opção tem ganhado força no Distrito Federal: os consórcios. Dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac) mostram aumento expressivo no número de cotas vendidas, participantes ativos e contemplações no primeiro semestre de 2025, em comparação a 2024.

Wesley Macan ressalta que essa tendência reflete uma mudança na busca por formas de aquisição de bens. “Os consórcios são uma alternativa interessante, pois oferecem crédito com custos financeiros menores em relação aos juros altos dos financiamentos tradicionais”, destaca. Outra vantagem é que a renda exigida para comprovação costuma ser menor, já que as parcelas geralmente são inferiores às dos financiamentos. Consequentemente, observa-se uma queda nos financiamentos e crescimento nas adesões a consórcios.

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